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A mostrar mensagens de janeiro, 2020

Joacine e o racismo

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Aconteceu recentemente no nosso país que foi eleita uma deputada sob a bandeira do anti-racismo. Ainda por cima, mulher e gaga. Ainda por cima, ergue com audácia bandeiras que fizeram estremecer os baluartes tanto do racismo como do machismo, como ainda do capacitismo 1 . Desde o princípio, a sua posição não foi passar entre os pingos da chuva ou não fazer ondas. Não sei se por temperamento pessoal ou estratégia política, a posição de Joacine foi mostrar-se em desafio, para que toda a canzoada ladrasse ferozmente. E a canzoada, previsivelmente, não falhou. Não serei eu o juiz do seu estilo de comunicação nem vou armar-me em estratego político e dizer que deveria ter feito assim ou assado, em vez do que fez. Nem sequer votei nela, por isso o seu cargo não me leva a escrutinar se está ou não a cumprir o mandato que lhe dei. Nem levo, com franqueza, o nosso Parlamento assim tão a sério. É uma personalidade colorida, possivelmente sem o calo político que lhe permitiria não dizer imediata

Auschwitz: o reset

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Num blogue chamado Skeptics Vocabulary , onde cheguei à procura do termo dissonância cognitiva , que, embora use frequentemente, é raro lembrar-me como se chama, encontrei um artigo sobre um assunto totalmente diferente, mas fascinante. O autor, indiano (a página assume-se como parte do movimento céptico da Índia), depois de uma visita a Auschwitz, tece algumas considerações interessantes sobre a forma como tal excesso da barbárie forçou uma reavaliação das ideias da consciência mundial com respeito aos direitos humanos. Diz ele que, mais do que o Renascimento, um tal reset se deveu ao horror dos campos de extremínio nazis. É capaz de ter razão. Como indiano, não pode também fugir a comparar a atrocidade nazi às atrocidades coloniais. O autor descreve, em primeiro lugar, a visita:

Angola, 1975 a 1980: O Jogo de Póker das Grandes Potências

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William Blum A informação a que temos acesso é formatada pela assimetria das fontes, bem como pelos nossos próprios preconceitos. Por isso é importante, para conhecer uma realidade, ter acesso a outras fontes, outras narrativas. Nenhuma informação pode ser engolida sem crítica. A ideia que os portugueses têm da Guerra Colonial em Angola e da Guerra Civil que se seguiu é fortemente influenciada por grandes mitos: do ponto de vista dos saudosos do colonialismo, a traição dos dirigentes portugueses; do ponto de vista da esquerda, a santificação dos movimentos de libertação — ou a santificação de uns e a demonização de outros. Mais subtil ainda é a deformação nacionalista, em que preferimos insconscientemente as narrativas em que a nação (ou a parte da nação que mais amamos) fica melhor na fotografia.