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O poder da oração

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Sou ateu há mais de quarenta anos e ainda me lembro das orações católicas que aprendi em criança. Sem dúvida devido ao peso da repetição, essas frases então misteriosas e hoje absurdas continuam gravadas nos meus circuitos mentais. A minha tendência de céptico é considerar as orações inúteis exercícios para testar a resistência dos fiéis ao tédio. Mas… Se as orações são inúteis, porque consagram as igrejas tanto tempo à oração? Ok, eu sei que são considerados meios de comunicação mágica com a divindade. Mas nesse caso, para além de testar a paciência dos fiéis, devem estar à procura dos limites da paciência da divindade, repetindo sem parar as mesmas frases tornadas ocas pelo uso. Já imaginaram o que seria, da parte da divindade, caso existisse, ouvir tudo isto de cada um dos fiéis, multiplicado por muitos milhões, repetido por todos os dias de muitos séculos? Ainda bem que a divindade não existe, porque se existisse teria fulminado há muito todas as comunidades de crentes, só p

Alma Alentejana

A Alma Alentejana é uma associação cultural e de ação social sediada em Almada, com um longo trabalho de promoção da cultura e do património da região. São conhecidas as suas feiras de produtos locais, onde se encontra excelentes queijos, chouriços e artesanato.

Fecha-se isto? Ou abre-se?

O texto de Clara Ferreira Alves que a Isabel Maria da Palma publicou no seu blogue é mais um dos milhares de textos deste género, escalpelizando a desgraça nacional, desde... desde quando? Contamos os estrangeirados ? Contamos o Eça? Contamos o Pessoa? Exprimem a desilusão com o nosso atraso, exprimem o nosso complexo de inferioridade. Nada mais. Critiquei o texto por isso, por clamar por visão política ser a ter, Fui criticado, desafiado a apresentar a minha visão política. Andei a pensar no assunto uns dias.

Pílulas ideológicas – depois do marxismo

O colapso do marxismo significa que a direita venceu, que a injustiça é inamovível, que a ausência de uma utopia partilhada nos impede de lutar pela liberdade e pela solidariedade? Não me parece. Parece-me que teremos de aprender a lutar pelo que consideramos justo, sem saber nem querer saber se isso cabe numa ideia predeterminada do futuro. Há muito tempo que preocupa o problema de descobrir uma nova política para a esquerda, após o fim do marxismo. Bem sei que muitos não me acompanham no passar desta certidão de óbito, mas para mim o óbito é evidente. A questão decisiva é a previsão que o marxismo fazia sobre a história, que dava todo o sentido à luta dos militantes e uma perspectiva de esperança aos oprimidos. O marxismo afirmava que ao modo de produção capitalista se seguiria o modo de produção comunista, com a eventual transição pelo socialismo, com a colectivização dos meios de produção, uma distribuição igualitária da riqueza, a planificação central da economia e, eventualme

Para uma cultura (e ética) universal / Towards a universal culture (and ethics)

  Versão em Português. See English version in the end. Quando o TED publicou a conferência de Sam Harris “A Ciência Pode Responder a Questões Morais” em Fevereiro deste ano, iniciou uma grande polémica. Sam Harris afirma, em primeiro lugar, que o conhecimento científico, incluindo o conhecimento da forma como trabalham os nossos cérebros,  influencia a forma como as questões morais são postas. A seguir, argumenta com a consideração das condições gerais em que as sociedades humanas prosperam para mostrar picos que sirvam de exemplo para um mapa da eficiência ética das sociedades. Por fim, argumenta que as opiniões relevantes para a definição do valor de uma moralidade não são as de todas as pessoas, mas as de um grupo de peritos socialmente aceites. O crédito moral do Dalai Lama não é o mesmo que o de um assassino em série. Se não damos valor à opinião dos Talibãs sobre física teórica, porque havemos de apreciar a sua ignorância sobre questões morais?  

Brutal! – Inflação semântica e luta pela atenção na linguagem urbana

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Prometi que ia meter-me neste assunto e, para me preparar, revisitei o site de São Noam Chomsky , não vá eu dizer grossa asneira num terreno onde não tenho preparação. Mas Chomsky já não se interessa por linguística, apenas por activismo político. Será muito importante a seguir, quando eu for morder nas canelas do projecto imperial americano. Depois de dar umas voltas pela Wikipédia, convenci-me que, se não me meter nos aspectos técnicos da linguística, provavelmente não serei queimado em nenhuma fogueira. Adiante, então.

Saudades da violência

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Por volta de 1985 (sei disso porque confirmei a data), fui ver Era Uma Vez na América , de Sergio Leone. Filme premiado de um grande realizador, grande produção, uma história sobre factos reais, a ascensão de um gang em Nova Iorque no princípio do século XX. Gostei do filme, mas certas cenas incomodaram-me. Não que eu seja supersensível, mas suspeitei que o aspecto chocante das cenas de sangue e assassínio tenha sido deliberadamente realçado para falar aos instintos sanguinários do público.

O chicote, a cenoura e a palmada nas costas

Há uma semanas o meu sobrinho Rui Cabanita publicou um vídeo da RSA (Royal Society for the Arts, a irmã menos conhecida da Royal Society) sobre motivação. Entre outras coisas muito interessantes, explicava-se que numa tarefa que não incluísse criatividade, a produtividade podia ser aumentada com incentivos quantitativos, vulgo prémios. Porém, uma actividade criativa não pode ser motivada por prémios. Essa conclusão perfeitamente contra-intuitiva e contrária a toda a tradição de gestão de recursos humanos vem espaldada em abundantes números e estudos de caso.

O fundamentalista sou eu?

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Pessoa que me é muito querida e cujas opiniões (raríssimas) muito prezo, outro dia acusou-me de ser fundamentalista sobre a questão religiosa. Dito de outro modo, acusou-me de ser intransigente no meu ateísmo. Há algum tempo que queria escrever sobre esta questão e essa crítica deu-me a motivação necessária.

B16 vem à cidade

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Lembro-me bem de quando o Salazar fazia coisas destas. Mandava fechar os serviços, o pessoal das Casas do Povo que pusesse camionetas e comboios à disposição de todos, a União Nacional, a Mocidade Portuguesa, as dioceses, todos arrebanhavam gente para vir aqui. Enquadravam-nos, pintavam-lhes os cartazes, davam a muitos a possibilidade de ver pela primeira vez a capital. Enchia-se assim o Terreiro do Paço de povo reverente perante a improvável figura de pai conjurada pela ditadura para servir um homem cruel, seco e antipático.

A fada boa

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A pessoa que eu conheço mais parecida com uma fada boa é a minha amiga Henriqueta. Lembram-se da fada boa dos filmes de Walt Disney, baixinha, com um nariz redondinho, cabeleira farta e olhos bondosos, sempre pronta a arranjar uma magia para dar força ao lado bom? A Henriqueta não tem varinha mágica (pelo menos que eu tenha visto…) mas tem grandes poderes.

O raio

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Volta e meia leio, além dos artigos do Portal Ateu , os longos threads de comentários. Aquilo é um campo de batalha feroz. O Portal Ateu rompeu consensos não escritos que vigoraram durante muito tempo na nossa Parvónia. O principal desses consensos pode ser enunciado desta forma: o crente pode afirmar bem alto a sua fé, emitir opiniões intrusivas e intolerantes sobre a vida e valores de toda a gente; o descrente deve essencialmente manter-se calado, porque as suas opiniões, só por serem expressas, perturbam e ofendem os crentes.

Estou preocupado com a Europa

Pensamos que a Comunidade Europeia está garantida. É sólida. Os povos que durante dezenas de anos lutaram para construí-la, como os sócios fundadores, aqueles para quem o acesso pareceu em tempos um sonho impossível como nós ou os novos membros da Europa de Leste, parecem finalmente estar contentes e descansados.

Em defesa da infidelidade conjugal

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Já me meti em problemas. Não há nada a fazer. Tenho sido um tipo simpático, escrevendo sobre coisas que, se não são consensuais, pertencem pelo menos ao domínio das ideias pensáveis pelas pessoas de bem. Mas eu sou escravo das minhas ideias. Penso, portanto meto-me em sarilhos. Vamos em frente, então, que se lixem os torpedos! Este texto tem a ver com uma conversa com uma querida amiga minha. Fofoquices, estão a ver? Quem se está a divorciar, quem anda à procura de uma nova relação, coisas dessas. Eu defendi que os casamentos hoje, com as exigências que as pessoas lhes fazem, nomeadamente o sexo constante e bom, não podem durar muito. Ela contrapunha com a felicidade das crianças.

Tempos felizes

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Às vezes vivemos tempos felizes e nem damos por nada. Só mais tarde é que nos damos conta, quando já passaram. Eu tenho o privilégio de estar acordado a maior parte do tempo, figurativamente e literalmente, e pensar no que vivo. Tenho também o privilégio de estar vivo há bastante tempo. Comparo o que já vivi com o que vivo agora.

Aprender é fixe

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Estive com um casal de amigos meus, o Vasco e a Teresa, preocupados com o rendimento escolar do seu filho no segundo ciclo. Um moço simpático, o Gonçalo, sem qualquer problema aparente, mas subitamente baixou as notas de forma drástica. Na altura não me ocorreu nada de inteligente para dizer, mas mais tarde pensei no assunto e resolvi escrever, publicando aqui no meu blogue para que possa ser visto por mais pessoas e criticado.

Morte, essa ideia absurda

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Não adianta andar a fugir com o rabo à seringa. Este assunto, se bem que desagradável, tem que ser encarado. Por uma razão muito simples, é que eu, tal como vocês, sou mortal. Vai-me acontecer um dia destes, é garantido. Se eu tiver alguma influência no caso, prefiro que seja tarde, mas mesmo assim é garantido. É que nós, humanos, temos uma grande dificuldade em encarar a morte. Na verdade, se for humanamente possível, nem sequer pensamos nisso. Mas de vez em quando a vida obriga-nos a encarar o assunto. Então ligamos a máquina da treta e produzimos as mais extravagantes ideias, sonhos, fantasias, sempre com o mesmo objectivo: não encarar a morte de frente.

Enguias em Vale de Cavalos

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Enguias. Fritas, ensopadas, incluídas nas caldeiradas. Quem não é maluco por elas? Aqui na bacia do Tejo, temos a zona de Porto Alto como a principal fabricante. Já lá comi bem, já lá comi mal. Resultados do sucesso.

Sangue na água – começou o espectáculo!

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Andei armado em Cassandra, a avisar que se aproximavam ameaças graves para o nosso país, no seguimento da crise da Grécia. Escrevi uma série de artigos neste meu blogue, intitulados precisamente Sangue na Água . Não é que a minha voz tenha importância ou que eu perceba alguma coisa de finanças. Fiz o meu dever de cidadão. Nunca esperei que este meu triste país reagisse à ameaça, nem que os ridículos aparelhos políticos que o governam — ou que se governam com ele — tomassem alguma medida preventiva. Tudo se passa com a inevitabilidade majestosa de uma tragédia portuguesa ou grega. Hoje caiu o outro sapato. A Standard & Poor e a Fitch baixaram o rating da dívida portuguesa. Tal como na Grécia, a nossa tragédia, ou farsa, ou tragicomédia começa assim.

Amigas (ou o homem que gosta de mulheres)

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Ah, eu devia ter vivido outra vida! Devia ter tido sempre um monte de amigas. É verdade, posso viver sem mulher, mas sem amigas não. Casar com elas é que não dá resultado. É diferente. Nunca consegues ter com a tua mulher o entendimento profundo que tens com uma amiga. Eu casei-me três vezes e tenho de confessar que fui feliz. Por diferentes razões e em diferentes contextos, fui feliz. Também sofri muito, por diferentes razões e em diferentes contextos, mas isso faz parte. Se não conheceres a fome, em qualquer ponto da tua vida, nunca conhecerás o prazer de comer. Se nunca estiveste só, nunca desfrutarás o prazer de ter companhia. Sem privação, nunca terás o verdadeiro prazer do sexo. Sem saudades, nunca sentirás o prazer de encontrar quem amas. Nunca pode haver felicidade eterna, porque a felicidade não faz sentido sem a infelicidade.

Em verdade vos digo

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Em verdade vos digo: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um papa ser justo. Em verdade vos digo: é mais fácil centenas, milhares de crianças serem maltratadas, espancadas, insultadas e violadas; É mais fácil esconder os violadores, transferi-los para junto de mais crianças, deixá-los morrer de velhos; É mais fácil mentir, insultar de novo em adulto, com o epíteto de mentiroso, quem já foi espancado e violado em criança; É mais fácil gastar o dinheiro do peditório para tentar calar a boca aos injustiçados; É mais fácil taxar de inimigos todos os que não calam a injustiça; Tudo isso é mais fácil do que um papa confessar o seu crime.

Provincianos

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Podem não ligar muito à minha opinião, mas não podem ignorar a de Fernando Pessoa. Ele e eu estamos inteiramente de acordo num ponto: “Se (…) quisermos resumir num síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo.” (Fernando Pessoa, O Provincianismo Português , Guimarães Editores, 2006, online em multipessoa.net ) O mal supremo dos portugueses é serem provincianos. Pois. Já o sabia há muito, antes de ter encontrado este livrinho luminoso. Sofro quase fisicamente, quando sou confrontado com as ideias limitadas e tacanhas dos meus compatriotas. Não que eu seja especialmente cosmopolita, mas procuro ter uma perspectiva global das coisas, bem como avaliar (e amar) as nossas coisas dentro dessa perspectiva.

Cachupa na Tia Bé

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Tarde de domingo, telefona-me o Natalino. “Ó pá, estou-me a levantar agora e queria saber se queres ir jantar. Conversar, e tal…” Ele faz o turno da noite num táxi em Lisboa, portanto o horário confere. E o domingo é o seu único dia (noite) livre. “Ok, aparece no Charnequeiro lá para as sete e meia, a ver se descobrimos para aí uma manjedoura qualquer.” Não estava mais ninguém disponível para alinhar no jantar. O Charnequeiro estava-se a encher de benfiquistas para verem o Benfica-Paços de Ferreira, uns por não terem Sport TV, outros pelo ambiente. Só depois de pensar noutras possibilidades é que me lembrei da Tia Bé. O Natalino não conhecia, mas quando lhe falei na cachupa, arrebitou logo os orelhas.

Ana Lamy, U2, Salman Rushdie e o cã-cã

É assim que as coisas acontecem: a minha vizinha Ana Lamy (agora na Super FM 104.8 ) publicou no seu Facebook uma ligação no Youtube a Unforgettable Fire , dos U2. Eu sou mais tipo Antena 2, bué da clássico e  erudito, tazaver, mas de vez em quando tenho uns acessos de chilaute, pope e roque. Lá fui ver. Vídeo puxa vídeo e acabei a ver este, de que gosto mais: The Ground Beneath Her Feet :

Sangue na água 3

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Mais notícias inquietantes para Portugal, do Eurointelligence , uma newsletter sobre finanças europeias que recebo:   Alemanha inclina-se para a não concessão de auxílio à Grécia Parece que a Alemanha está a endurecer a sua posição. No fim de semana, Angela Merkel disse à TV alemã que a melhor ajuda que Alemanha pode oferecer é insistir para que a Grécia faça o seus trabalho de casa. O Financial Times Deutschland relata que o porta-voz do governo grego Giorgos Petalotis disse, durante uma visita à Alemanha, que o país estava a sofrer com os ataques especulativos, em resultado dos quais tem de pagar juros três vezes mais elevados que os da Alemanha. Merkel deve reunir-se na sexta-feira com Papandreou. O jornal grego Kathimerini também abre com essa história, interpretando a entrevista de Angela Merkel como uma decisão de não dar dinheiro. Cita também a chanceler alemã como negando firmemente relatos de que um pacote de resgate já teria sido elaborado, à espera de ser acord

Mais sangue na água

Recebo uma newsletter diária sobre assuntos económicos europeus, Eurointelligence Daily Briefing . Como já disse na mensagem anterior sobre este assunto, as coisas não parecem boas para o nosso país:   Paolo Manasse sobre se a crise poderia ter repercussões na Itália A Itália não tem sido o centro das atenções da crise recente, mas Paolo Manasse, escrevendo em Lavoce , teme que, enquanto a Grécia e Portugal estão na primeira linha de fogo da crise, Espanha e Itália podem estar no segundo, uma vez que os problemas continuam por resolver. Ele argumenta que o governo italiano deve tomar medidas de adaptação para proteger o país. ( Eurointelligence Daily Briefing , 24.2.2010)   Será Portugal o próximo? O Financial Times relata que Portugal vai emitir até € 20 mil milhões em títulos do governo este ano, depois de € 16 mil milhões em 2009. O governo socialista estava em processo de finalização de um plano de estabilidade para mostrar uma redução do défice de 9,3% para 8,3% este

O arco do PPD

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Qual é o centro de Portugal? Não o geométrico, mas o imaginário, o político? Para mim, talvez para toda a gente, é o Arco da Rua Augusta. A porta de Lisboa, o centro do poder. Exactamente nesse sítio, no lugar mais à vista de todo o País, está escondida uma inscrição. Escondida pela sua enorme notoriedade. A maioria dos portugueses já passou por ali, muitos milhares passam todos os dias. Olham e não vêem, lêem e não compreendem. Eu sou um deles.

Sangue na água

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Portugal está prestes a ser atacado. Submarinos, fragatas, caças supersónicos ou brigadas blindadas não servirão de nada. Os cidadãos escusam de pensar em armar-se: não há nada que possam fazer. Massivas forças especulativas, com verbas já mobilizadas no valor de milhares de milhões de euros, preparam-se para destruir a pouca prosperidade que ainda temos.

Nda

Playing for change (Tocando para a Mudança) é um movimento, um documentário, uma ONG. Junta músicos de todo o Mundo a tocar a mesma canção em conjunto, em cumplicidade alegre com uma mensagem de paz e concórdia. Muitos são músicos de rua, outros estrelas. Devia começar por mostrar esses vídeos mundiais, mas esta canção no site cativou-me. Nda , foi o que a mãe de Jason Tambo lhe disse ao despedir-se. Não sei o que quer dizer. Adeus, porta-te bem, não te esqueças de mim… Seja como for, é uma canção muito doce e carinhosa. Ponham lá o que as vossas mães vos disseram na despedida, para uma ausência longa, curta ou definitiva, e vão ver que a canção vos toca num ponto muito especial.

Dois Bares

Gosto, de vez em quando, de sair à noite. Nunca gostei de discotecas. Demasiado barulho e eu não sei dançar. Prefiro os bares ou pubs. Bom ambiente, música boa que não torne impossível conversar, umas bejecas e amigos por companhia. Perfeito.

Um mundo sem deuses

Sigo o site de Richard Dawkins no Twitter e outro dia recebi um pio ( tweet ) para uma página no Facebook que pretende juntar até Junho um milhão de pessoas que acreditam na evolução das espécies . Parece ter sido começada este mês e já tem mais de 116.000 aderentes. É uma resposta a outra página que pretendia arranjar, também até Junho, um milhão aderentes incrédulos da dita cuja evolução . Esses têm neste momento apenas cerca de 26.500, embora, obviamente, tenham começado primeiro (e têm um erro de ortografia no título).

A medalha

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Sábado passado, fui pela primeira vez ao Charneca da Caparica Futebol Clube, vulgo os Canários. Festejava 22 anos e o meu colega Luís Rodrigues tinha insistido para que eu fosse. Garotos a jogar futebol, algumas pessoas conhecidas, o presidente da Junta, gente da Câmara, discursos, e pimba: pespegam-me uma medalha! Ia caindo da cadeira… Da primeira vez que vou à colectividade, sou logo medalhado. E esta?

Avatar ou a suspensão da incredulidade

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Avatar , filme de ficção científica. Bem, ficção científica é o filme em si.  É uma revolução na forma de contar uma história. Doravante todo o filme pode ser criado em realidade virtual. Avanços no software de animação tornaram possível o santo graal dos animadores há muitos anos: movimentos naturais. Até agora era possível distinguir as cenas virtuais das cenas naturais. Os movimentos eram desajeitados e pouco elegantes. Já não. Quer dizer que no cinema, de agora em diante, o sonho já não se distingue da realidade.

Casamento de quem?

Estamos em 2010. Já devíamos ter gente a viver na Lua. O cancro e a SIDA já deviam ter cura. Não devíamos estar a assassinar o único planeta que temos. Em vez disso, neste nosso cantinho provinciano, discutimos com quem as pessoas devem casar. Agudas vozes se ouvem no rebanho, desaprovando o comportamento de outras reses que, se não põem o conjunto em perigo, complicam a paz de espírito. Para mim, isto de o casamento ser uma lei, para começar é uma perversão. O estado não devia ter nada a haver com quem eu durmo. Acho intolerável o estado estar a autorizar-me ou a proibir-me de dormir ou coabitar seja com quem for. Quando digo isto, olham-me com estranheza. O problema é que estamos habituados a essa ingerência.

O cardeal

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O cardeal cabeceava sobre a sua secretária. Pilhas de jornais, documentos, dossiers rodeavam-no. As letras no ecrã do portátil tornaram-se indistintas. Esfregou os olhos, deixando escorregar os óculos. Ah, tanto trabalho! E a idade não ajuda… Insensivelmente, a cabeça poisou sobre os cotovelos que, assentes na secretária, afastaram um pouco o computador. Vou só descansar um bocadinho, não me posso deitar ainda, pensou enquanto adormecia. Acordou assustado. Havia Alguém na sala! Pela toga romana, a farta barba branca, a careca enrugada e a postura imponente, percebeu que estava metido em problemas. O coração acelerou para valores perigosos para a sua idade. Prostrou-se no soalho, feito um muçulmano. (Porque é que não me aparece Cristo, o Espírito Santo ou mesmo a Virgem Maria? Sou algum judeu, para me aparecer Jeová?)