Cronologia do miticismo sobre Jesus

Um assunto que me interessa bastante é a questão de saber se Jesus foi uma figura histórica ou um mito. Do ponto de vista filosófico, não me faz qualquer diferença que Jesus seja um mito fantástico construído sobre a memória de algum humilde pregador e curandeiro da Palestina, ou que esse mito seja preexistente e se lhe tenha criado a lenda de uma pessoa real.

Está fora de questão é que tenha sido o deus em que os cristãos acreditam, ou mesmo o profeta da versão islâmica.

Mas, tendo em conta a minha história pessoal, doutrinado em criança nos dogmas do cristianismo, o assunto fascina-me porque quero saber até onde foi a minha alienação e a vastidão das ilusões que partilhei.

O miticismo sobre a figura de Jesus não é assunto novo nem moda moderna da Internet. Há séculos que estudiosos, sempre minoritários, das escrituras cristãs têm  aderido a esta explicação, mesmo por vezes à custa de perda dos seus empregos e outras sanções religiosas e civis.

A cronologia do miticismo de Jesus que aqui mostro resulta de uma tradução e adaptação de um artigo na página Myticist Papers, de René Salm.

CHAVE:

A primeira vez que um autor é mencionado, o nome é em maiúsculas. Geralmente não são fornecidos links para autores cujas biografias estejam prontamente disponíveis online (por exemplo, via Wikipedia). No entanto, são fornecidos links para livros completos quando disponíveis online, bem como para revisões abrangentes.

(Trad) = Tradicionalista. Acredita na existência de Jesus de Nazaré.

(Gen) = Generalista cujo trabalho influenciou a cultura mais ampla numa direção céptica.

(Cep) = Céptico da posição ortodoxa em relação a Jesus de Nazaré, mas não declaradamente miticista nem semimiticista.

(Semi) = Semimiticista. Aceita a existência de um profeta na origem do cristianismo, mas sustenta que o profeta teria pouca ou nenhuma semelhança com Jesus de Nazaré.

(Mit) = Miticista. Defende que não existe qualquer profeta fundador na origem do cristianismo.

Baruch Spinoza

Baruch Spinoza (1632-1677)

1663

• (Cep) BARUCH SPINOZA. Ethica Ethica
Baruch Spinoza
Vol. 1 & Vol. 2 (PDFs gratuitos). Considerado ateu, Spinoza foi excomungado do judaísmo porque se opôs a todo o dogma e defendeu a aplicação de um método histórico sem restrições à interpretação das fontes bíblicas. Spinoza explicou milagres como eventos naturais mal interpretados e enfatizados pelo seu efeito moral. Os contemporâneos condenaram seu racionalismo estridente e o seu trabalho como "forjado no inferno por um judeu renegado e pelo diabo".

1761
Barão de Holbach

Paul-Henri Thiry, Barão de Holbach (1723-1789)

• (Cep) BARÃO DE HOLBACH. Le Christianisme Dévoilé, ou examen des principes et effets de la réligion chrétienne (O Cristianismo Desvendado, ou exame dos princípios e efeitos da religião cristã, sob o pseudónimo Pe. Boulanger – PDF gratuito). O livro atacou o cristianismo e a religião em geral como um obstáculo ao progresso moral da humanidade. Holbach era um ateu rico e escreveu copiosamente contra a religião. A autoria dessas obras não foi conhecida até bem depois da sua morte. O salão parisiense de Holbach foi um importante ponto de encontro para os colaboradores da Enciclopédia progressiva.

1768

• (Cep) HERMANN SAMUEL REIMARUS completa sua "Apologia ou Ensaio em Defesa da Veneração de Deus Através da Razão" para circulação privada. Encontra engano e embuste por detrás das escrituras, acusando Jesus de ter cometido fraudulentamente uma conspiração para se tornar conhecido como o Messias nos tempos futuros, usando os seus discípulos como agentes da tramóia. Reimarus questiona o Jesus pós-Páscoa, sugerindo que o corpo foi roubado pelos discípulos que então inventaram a ressurreição e a ascensão. Para Reimarus, a Igreja baseia-se na superstição.

Reimarus

Hermann Samuel Reimarus (1694-1768)

1770

• Barão de Holbach, Histoire critique de Jésus-Christ, ou Analyse Raisonnée des Évangiles (História Crítica de Jesus Cristo ou Análise Racional dos Evangelhos – PDF gratuito). A primeira biografia crítica de Jesus.

• Barão de Holbach, Système de la Nature Système de la Nature
Barão de Holbach
Vol. 1 & Vol. 2 (Sistema da Natureza, 2 vols., sob o pseudónimo M. Mirabaud – PDFs gratuitos), o seu livro mais famoso. Holbach nega a existência de uma divindade e vê o universo como nada mais do que matéria em movimento, vinculada por leis inexoráveis ​​de causa e efeito. A Igreja Católica ameaçou a coroa francesa com a retirada de apoio financeiro por causa deste livro, e numerosos dignitários famosos escreveram refutações. O materialismo de Holbach influenciou muitos, incluindo Karl Marx.

1791
Reimarus

Constantin-François de Chasseboeuf, Conde de Volney (1757-1820)

• (Semi) CONDE DE VOLNEY (Constantin-François de Chasseboeuf), Les Ruines (As Ruínas, – PDF gratuito). Volney argumentou que a história dos evangelhos foi compilada organicamente quando simples declarações alegóricas como "a virgem trouxe" foram mal interpretadas como história. Volney separou-se de Dupuis ao admitir que memórias confusas de uma figura histórica obscura pudessem ter contribuído para o cristianismo quando foram integradas com a mitologia solar. Previu a união final de todas as religiões e o reconhecimento de uma verdade comum subjacente a todas.

1792

• (Mit) CHARLES-FRANÇOIS DUPUIS. Este astromiticista francês publica A Origem de toda a Adoração Religiosa. O conhecimento de Dupuis sobre a mitologia levou-o a propor que as antigas divindades não passavam de constelações, sendo os nomes dos deuses os dos planetas cujas vicissitudes eram apenas movimentos nos céus anteriormente expressos em linguagem metafórica. Procurou encontrar a unidade das religiões em observações astronómicas comuns aos egípcios, gregos e até mesmo chineses. Dupuis considerava o cristianismo como "uma fábula com o mesmo fundamento que todas as outras religiões solares".

David Friedrich Strauss

David Friedrich Strauss

1835

• (Cep) DAVID F. STRAUSS. The life of Jesus (A Vida de Jesus – PDF) escandalizou a Europa introduzindo a demitologia do Novo Testamento e a negação da divindade de Jesus. "Mostra o caráter puramente mítico de todas as narrativas evangélicas. O melhor livro sobre os evangelhos já escrito, até hoje!" (R. Price).

1838

• (Mit) BRUNO BAUER (1808-82) é freqüentemente considerado o primeiro miticista académico e foi o enfant terrible do seu tempo. Acreditava que "todas as cartas paulinas eram inautênticas e uma pessoa histórica chamada Jesus provavelmente nunca existiu" (H. Detering). Bauer era o orientador do doutoramento de Karl Marx em Berlim, mas os pontos de vista de Bauer eram tão chocantes então, que foi removido de sua posição universitária em 1842. Schweitzer dedica o Cap. 11 da sua Quest (1906) ao pensamento de Bauer.

1841
Ludwig Feuerbach

Ludwig Feuerbach

• (Cep) LUDWIG FEUERBACH, estudante de Hegel, publica Das Wesen des Christentums (A Essência do Cristianismo – texto online em alemão). Ele pediu que todas as religiões fossem eliminadas, juntamente com suas ferramentas enganosas usadas para incutir medo e invocar os poderes místicos de Deus. Feuerbach acreditava que "Deus" é apenas a projeção externa da natureza interior do homem, que é infinita. Seu pensamento influenciou Karl Marx, David F. Strauss e Bruno Bauer.

• Bruno Bauer publica um panfleto,  The Trumpet of the Last Judgement Against Hegel the Atheist and Antichrist: An Ultimatum (A trombeta do Juízo Final sobre Hegel, o Ateu e o Anticristo: Um Ultimato), no qual defende o ateísmo e nega que Jesus fosse uma figura histórica. Em julho, Bauer e seu protegido Karl Marx escandalizaram os habitantes de Bona por aparecerem embriagados em público, rindo de forma desbragada na igreja e galopando pelas ruas montados em burros, imitando a entrada de Jesus em Jerusalém.

Bruno Bauer

Bruno Bauer

1842

• Bruno Bauer, Kritik der evangelischen Geschichte der Synoptiker und des Johannes (Crítica da história dos Evangelhos Sinópticos e de João – 3 vol.). Bauer argumentou que os evangelhos eram puramente literários, sem material historicamente autêntico. O terceiro volume negou a historicidade de Cristo. Posteriormente, Bauer foi demitido da faculdade universitária por uma ordem direta do rei da Prússia e nunca mais ensinou.

• (Cep) KARL MARX, cada vez mais afastado do seu mentor Bruno Bauer, escreve: "A religião em si não tem conteúdo. Deve a sua existência não ao céu, mas à terra, e com a abolição da realidade distorcida, da qual ela é a teoria, colapsará por si mesma".

1845

• (Cep) FERDINAND C. BAUR (1792-1860). Paulus, der Apostel Jesu Christi, sein Leben und Wirken, seine Briefe und seine Lehre (Paulo, o Apóstolo de Jesus Cristo, a sua vida e trabalho, as suas epístolas e os seus ensinamentos). Argumenta que apenas quatro das epístolas paulinas são autênticas, e que o Paulo dos Atos é uma pessoa diferente do autor das epístolas.

Charles-François Dupuis

Charles-François Dupuis

• Karl Marx e Friedrich Engels escrevem A Sagrada Família ou Crítica da Crítica Crítica: Contra Bruno Bauer e Co. por seus alunos, Marx e Engels Die Heilige Familie
Friederich Engels e Karl Marx
(PDF – 350 pp). A Sagrada Família é uma referência aos irmãos Bruno e Edgar Bauer entre os jovens hegelianos. O livro causou sensação. Advogava a revolta e a criação de um Estado socialista, mesmo comunista.

1851

• Bruno Bauer, Kritik der paulinischen Briefe (Crítica das epístolas paulinas). Bauer declarou que todas as epístolas de Paulo eram falsificações do século II.

• Bruno Bauer, Kritik der Evangelien und Geschichte ihres Ursprungs, (Crítica dos Evangelhos e História das Suas Origens – texto online) 3 vol., o 4º vol. sob o título Die theologische Erklärung der Evangelien (Interpretação teológica dos Evangelhos).

1856

• (Gen) CHWOLSOHN, DANIIL. Die Ssabier und der Ssabismus (Os Sabeus e o Sabismo) (rpt. Elibron 2005). Um magnum opus de quatro volumes que se estende a quase 2000 páginas. (Os dois últimos volumes estão no GoogleBooks). Chwolsohn explora o gnosticismo heterodoxo e liga uma religião protognóstica aos mandeus, cujos adeptos sobreviveram na cidade irremediavelmente inconformista de Harran, no norte da Mesopotâmia.

1863
Renan

Ernest Renan (1823-1892)

• (Cep) ERNEST RENAN, Vie de Jésus (Vida de Jesus – texto online), o primeiro dos oito volumes da sua magnum opus, Histoire des Origines du Christianisme. Renan escandalizou os protestantes e os católicos com esta obra que questionou abertamente a divindade de Cristo. Renan desconfiava da intuição ou alma poética que pretendia ter uma visão da verdade descoberta através da inspiração. Ele submeteu o Antigo e o Novo Testamento ao mesmo escrutínio crítico dado a outros elementos da evidência histórica, concluindo que os textos sagrados eram um produto inteiramente humano cujas características eram relativas ao tempo e ao lugar. [Página sobre este assunto.]

1864

• (Cep) DANIEL SCHENKEL, Das Charakterbild Jesu (A imagem do personagem Jesus) retira todos os elementos sobrenaturais, geralmente seguindo o esboço tradicional de eventos. Vê Jesus como um ser humano moral perfeito, cujos padrões e ensinamentos devem ser seguidos.

1871

• (Semi) SYTZE HOEKSTRA, De Christologie van het kanonische Marcus-Evangelie (holandês – A cristologia do Evangelho canónico de Marcos). Um dos primeiros radicais holandeses, Hoekstra considerou o Evangelho de Marcos sem valor como biografia de Jesus. Para ele, os sinópticos são poesia simbólica.

1878
A. Pierson

Allard Pierson (1831-1896)

• (Mit) ALLARD PIERSON. Reconhecido como o fundador da Escola Radical Holandesa. O seu De Bergrede en andere synoptische Fragmenten (O Sermão da Montanha e outros Fragmentos Sinópticos) argumentou que o Sermão da Montanha é um produto pós-70, uma coleção de aforismos da sabedoria judaica colocados na boca do semi-deus Jesus. Para Pierson, as testemunhas não-cristãs são inúteis, especialmente Tácito; A Epístola aos Gálatas não é genuína (contrariamente a F.C. Baur e à Escola de Tübingen); e a não historicidade de Jesus é patente. Enquanto outros estudiosos continentais ignoravam o trabalho de Bruno Bauer, a Escola Radical Holandesa prestou grande atenção às suas ideias e incorporou-as na sua própria exegese. Por terem escrito em holandês, no entanto, tiveram um impacto internacional mínimo.

1879

• Bruno Bauer, Christ and the Caesars: The origin of christianity from the mythology of Rome and Greece (Cristo e os Césares: a origem do cristianismo a partir da mitologia greco-romana – Trans. 1999, Charleston House Pub.) Paulo não escreveu nenhuma das epístolas paulinas. O catalisador individual mais importante para o surgimento cristão não foi Jesus (criado por Marcos), mas Séneca, de quem muitas máximas e ideais aparecem inalterados no coração do Novo Testamento. Bauer foi o fundador ideológico da Escola Radical Holandesa. (Avaliação do Dr. Price).

1882
A. Loisy

Alfred Loisy (1857-1940)

•  Friedrich Engels, Bruno Bauer and Early Christianity (Bruno Bauer e o Cristianismo Primitivo – texto online), uma homenagem publicada na morte de Bauer. Engels escreveu: "Teólogos oficiais, incluindo Renan, descartaram [Bruno Bauer] e, assim, mantiveram um silêncio esmagador (Totschweigen) sobre ele. No entanto, Bauer valia mais do que todos eles e fez mais do que todos em relação a uma questão que interessa a nós, socialistas: a origem histórica do cristianismo... É claro que, se as religiões espontâneas surgem sem que o engano desempenhe qualquer papel, o embuste pelos sacerdotes logo se torna inevitável no seu desenvolvimento. Mas, apesar de todo o fanatismo sincero, as religiões artificiais não podem, mesmo na sua fundação, passar sem enganar e falsificar a história. O cristianismo, também, tem belas conquistas para se gabar neste ponto desde o início, como mostra Bauer nas suas críticas ao Novo Testamento... E, se quase nada de todo o conteúdo dos Evangelhos se revela historicamente provável, então até mesmo a existência histórica de um Jesus Cristo pode ser questionada – Bauer, portanto, apenas abriu o terreno para a solução da questão... Bauer também fornece dados muito valiosos sobre as causas que ajudaram o cristianismo a triunfar e alcançar a dominação mundial. Mas aqui o filósofo alemão é impedido pelo seu idealismo de ver claramente e de formular precisamente ... "

1886

• (Semi) ABRAHAM DIRK LOMAN, Quaestiones Paulinae (Questões Paulinas) afirma que não só Gálatas, mas todas as Epístolas de Paulo são (segundo Bruno Bauer) falsificações do século II. Loman não encontra evidências das Paulinae antes de Marcião e considera as epístolas como tratados gnósticos. Para ele, Jesus é uma ficção do século II, embora "algum" Jesus possa ter existido, bastante enterrado na História. O Jesus do cristianismo é um símbolo ideal, uma construção não-histórica.

1887

• (Mit) E. JOHNSON. Antiqua Mater: A Study of Christian Origins (Antiqua Mater: um estudo das origens cristãs – texto online).

1888

• (Mit) RUDOLF STECK. Der Galaterbrief nach seiner Echtheit untersucht nebst kritischen Bemerkungen zu den Paulinischen Hauptbriefen (Inquérito sobre a autenticidade da Epístola aos Gálatas e observações críticas sobre as principais paulinas – texto online em alemão). Steck era um estudioso suíço e aliado da Escola Holandesa. Considerou todas as epístolas paulinas como falsas e apoiou Pierson e Naber.

1894

• O caso Dreyfus abala a França. Alfred Dreyfus, um oficial do exército judeu, foi acusado de alta traição com base em documentos forjados pelos militares. Este incidente mostrou que "um governo reacionário, em estreita associação com interesses eclesiásticos, é fatal para a vida de liberdade em todas as áreas e não menos importante nos domínios religiosos e educacionais" Loisy (p. Vii).

1896

Willem Christiaan van Manen

•  (Cep) WILLEM CHRISTIAAN VAN MANEN. O seu Paulus de vários volumes foi publicado 1890-1896. O primeiro volume remete a data dos Atos dos Apóstolos para 125-150 EC e argumenta que dependiam de vários escritos, incluindo os de Josefo. Os outros dois volumes eram sobre Romanos e 1ª - 2ª Coríntios. Uma exceção na Escola Radical Holandesa, van Manen aceitava a historicidade de Jesus.

1900

• (Mit) JOHN M. ROBERTSON, Christianism and Mythology (Cristianismo e Mitologia – texto online). Desenha longos paralelos entre Cristo e Krishna.

• (Cep) ADOLF VON HARNACK, Das Wesen des Christentums Das Wesen des Christentums
Adolf von Harnack
(A Essência do Cristianismo) (Inglês). Harnack insistiu na liberdade absoluta no estudo da história da igreja e do Novo Testamento e que não haja áreas de pesquisa tabu. Rejeitou a historicidade do Quarto Evangelho em favor das narrativas sinópticas. Enquanto Harnack negou a possibilidade de milagres, argumentou que Jesus poderia ter realizado atos de cura que pareciam milagrosos. Harnack estava especialmente interessado no cristianismo prático contemporâneo como uma vida religiosa e não um sistema de teologia (o Evangelho Social). Harnack procurou mostrar que o cristianismo, devidamente compreendido, é a religião que Jesus ensinou e praticou. Pode-se resumir como incluindo a paternidade de Deus, a fraternidade do homem, a liderança de Jesus e a possibilidade de viver a vida eterna no meio do tempo. A interpretação teológica de Jesus, nalgum sentido verdadeiramente, tanto divino como humano, a existência da Igreja como instituição e os ritos sacramentais da comunidade cristã devem ser interpretados (afirmou) como exemplos da helenização aguda do evangelho simples que Jesus ensinou. O que devemos fazer, se quisermos ser cristãos autênticos, é retornar às simplicidades do ensino de Jesus, pois isso é um cristianismo essencial. Tudo o resto é complementar, ou complicação desnecessária, da coisa essencial. Loisy e outros modernistas objetaram que o ensino cristão nunca foi simples e que, desde o início, o cristianismo viu a presença de Deus em Jesus.

A. Harnack

Adolf von Harnack (1851-1930)

1901

• (Cep) W. WREDE. O Segredo Messiânico (edição alemã). Confirmou a afirmação de Bruno Bauer de que Marcos era o verdadeiro criador do cristianismo. "Mostrou como Marcos é tudo menos a história singela como os liberais haviam suposto, mas é antes uma elaborada peça de teologia narrativa tentando harmonizar duas cristologias primitivas concorrentes". (R. Price)

1904

• (Cep) ALBERT KALTHOFF. Wissen wir von Jesus? Also: Die Entstehung des Christentums (Sabemos de Jesus? Ou: o surgimento da cristandade –trad. inglesa The Rise of Christianity, 1907). O pensamento de Kalthoff foi muito influenciado por Bruno Bauer e, por sua vez, influenciou Arthur Drews. Kalthoff viu o cristianismo como uma psicose social. Ele criticou a imagem romântica e sentimental de Jesus como uma grande personalidade da história, desenvolvida por teólogos liberais alemães (incluindo Schweitzer). Na visão de Kalthoff, a igreja primitiva criou o Novo Testamento, não o contrário. O movimento primitivo de Jesus combinou a crença apocalíptica judaica num Messias com a esperança socialista de reforma e um mundo melhor. Arthur Drews aceitou as ideias de Kalthoff, mas insistiu que o socialismo cristão original era religioso, não económico.

• (Gen) DITLEF NIELSEN, A Antiga Religião Lunar Árabe e a Tradição Mosaica. Caps. 1-5 tr. R. Salm (PDF). Mostra o fundo gnóstico insuspeito da religião da Idade do Ferro que informou o judaísmo primitivo e depois o cristianismo.

1905

• Em grande parte como resultado do caso Dreyfus (1894, acima), o governo francês instituiu a separação constitucional da Igreja e do Estado. Com essa mudança, o controle da Sorbonne (Univ. de Paris) e muitas outras instituições de aprendizagem saíram das mãos dos interesses conservadores. Muitos estudiosos radicais e modernistas agora podiam exercer sua profissão, incluindo Alfred Loisy (seria excomungado em 1908).

Albert Schweitzer

1906

•  (Cep) ALBERT SCHWEITZER. A Quest of the Historical Jesus. Um livro amado pela tradição. Enquanto professava o ceticismo, Schweitzer contestou o miticismo em todos os sentidos. A edição expandida (e suprimida) surgiu em 1913.

• (Mit) WILLIAM BENJAMIN SMITH. The Pre-Christian Jesus: Studies of Origins of Primitive Christianity (O Jesus pré-cristão: estudos sobre as origens do cristianismo primitivo). Argumentou que as origens do cristianismo estavam num culto pré-cristão de Jesus, uma seita judaica que havia adorado um ser divino Jesus nos séculos anteriores ao facto de o homem Jesus ter supostamente nascido. Smith encontrou evidências para este culto na menção de Hipólito sobre os Naasenos e o relato de Epifânio de uma seita de Nasarenos que existia antes de Cristo, bem como passagens nos Atos. Os detalhes aparentemente históricos no Novo Testamento foram construídos pela comunidade cristã primitiva em torno de narrativas do Jesus pré-cristão. Smith também argumentou contra o valor histórico de escritores não cristãos em relação a Jesus, particularmente Josefo e Tácito.

1907

• A Igreja Católica emite um decreto, assinado pelo papa Pio X, intitulado Lamentabili Sane Exitu (Com êxito verdadeiramente Lamentável), que formalmente condenou sessenta e cinco proposições modernistas ou relativistas sobre a natureza da Igreja, a revelação, a interpretação bíblica, os sacramentos e a divindade de Cristo. Este decreto foi seguido pela encíclica Pascendi Dominici Gregis (Alimentando o Rebanho do Senhor), que caracterizou o Modernismo como a síntese de todas as heresias. A encíclica (texto) remeteu contra aqueles que "atacam tudo o que é mais sagrado no trabalho de Cristo, não poupando nem a pessoa do Divino Redentor, que, com uma audácia sacrílega, reduzem a um mero e simples homem".

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• (Mit) G.J.P.J. BOLLAND. De Evangelische Jozua (O Joshua Evangélico). Versão holandesa. Resumo em inglês. Jesus derivou da figura do Antigo Testamento, Josué, filho de Nun. Isto foi realizado por judeus alexandrinos após 70 EC. Para aqueles Netsarim (Guardados) helenizados, uma figura mítica de Chrestos (que significa o bom) tornou-se Christus. Eles colonizaram a Palestina com o Evangelho e não o contrário.

1908

• (Cep) Les Évangiles Synoptiques Les Évangiles Synoptiques
Alfred Firmin Loisy
(Os Evangelhos Sinópticos) de ALFRED FIRMIN LOISY leva diretamente à sua excomunhão vitandus, isto é, todos os católicos foram proibidos de comunicar com ele. Como resultado, até ao ano de sua morte, o idoso Loisy nem conseguia cortar o cabelo na sua aldeia natal (Loisy, p. Viii). Loisy tinha sido ordenado sacerdote em 1879, mas, devido às suas opiniões modernistas, publicou sob uma série de pseudónimos. Em 1901-1903 já havia escrito várias obras condenadas pela Igreja. Logo após sua excomunhão, Loisy recebeu a cadeira de História da Religião no Collège de France (Paris), onde ensinou nos vinte e cinco anos seguintes. Talvez a observação mais famosa de Loisy fosse que "Jesus veio a pregar o Reino, mas o que chegou foi a Igreja". Nunca duvidou da existência de Jesus e, no final da década de 1930, envolveu-se numa polémica azeda com Couchoud sobre essa questão. [Página dedicada a este assunto]

1909

• (Mit), CHRISTIAN HEINRICH ARTHUR DREWS (pronunciado "drefs"), Die Christusmythe (O Mito de Cristo). Este historiador e filósofo alemão demonstrou que nenhuma evidência independente da existência histórica de Jesus foi encontrada fora dos escritos do Novo Testamento. Drews era um professor alemão de filosofia numa Technische Hochschule. Nunca conseguiu um cargo de professor universitário devido às suas opiniões controversas. Para ele, Jesus Cristo nunca existiu e o cristianismo foi o sincretismo de várias mitologias. Drews foi fortemente influenciado pelos negadores de Jesus na Alemanha (Bauer, Kalthoff), Grã-Bretanha (J.M. Robertson, T. Whittaker) e América (W.B. Smith) e, por sua vez, Drews influenciou P.-L. Couchoud, G.A. Wells e outros. Ele tentou apresentar as ideias de Bauer em linguagem clara e concisa, inteligível para o público em geral, linguagem desprovida de retórica hegeliana e profundidades pedantes – sem dialética, sem alienação, sem síntese. Provocou a estridente oposição da opinião corrente no Ocidente (por exemplo, o N.Y. Times), enquanto suas ideias foram promulgadas com simpatia na União Soviética via Marx e Lenin. [PDF dedicado a este assunto].

•  (Mit) G.A. BERGH VAN EYSINGA, Indische Einflüsse auf evangelische Erzählungen (Influências indianas em narrativas evangélicas). Van Eysinga concluiu que não havia evidências da existência dos escritos paulinos antes de Marcião (contra Harnack). Ao contrário do seu professor van Manen, van Eysinga rejeitou a historicidade de Jesus.

• (Cep) M. M. MANGASARIAN, A verdade sobre Jesus: É um mito?

• (Mit) SALOMON REINACH, Orpheus: A General History of Religions (Orfeu: uma história geral das religiões). Reinach apontou para a pobreza das evidências documentais sobre Jesus, particularmente nos evangelhos. Apoiou a visão docetista de Jesus, baseando-se nas epístolas paulinas (algumas das quais aceitou como autênticas).

1910

Arthur Drews

• Os adeptos de Arthur Drews causaram uma sensação ao encherem os painéis de Berlim com cartazes perguntando: "Jesus Cristo já viveu?" 2000 pessoas apareceram para os famosos debates no Jardin Zoológico de Berlim (31 de janeiro e 1 de fevereiro).

• A. Drews, The Legend of Saint Peter (A Lenda de São Pedro) (tr. 1997 de Frank Zindler). Drews expõe o caráter completamente lendário da figura de Pedro, tanto nos Evangelhos quanto na fantástica história de Pedro em Roma.

• Adolf von Harnack propõe datas muito precoces para os evangelhos sinópticos e para os Atos, dando assim um contra-argumento à escola de Tübingen (Strauss, Baur, Zeller, Hilgenfeld).

•  (Mit) SAMUEL LUBLINSKI, Die Entstehung des Christentums; Das werdende Dogma vom Leben Jesu; Falsche Beweise für die Existenz des Menschen Jesus (O surgimento do cristianismo; O expectante dogma da vida de Jesus; Falso indício da existência do homem Jesus). Lublinski questionou a existência de Jesus e argumentou que o cristianismo surgiu de um sincretismo do judaísmo, das religiões misteriosas, do gnosticismo e das influências orientais, com os Essénios e os Terapeutas como seitas pioneiras.

• (Mit) ARTHUR HEULHARD, Le mensonge Chrétien (A Mentira Cristã) estende-se por onze volumes. Estritamente antisemita, Heulhard sustentou que era João Batista, e não Jesus, quem se proclamou Cristo, o Filho do Pai (Bar Abba no aramaico), e que "Jesus Cristo não existe" (um dos seus subtítulos) . Além disso, o Batista não foi decapitado, mas Barrabás foi o único crucificado por Pilatos por acusações de assassinato, roubo e traição. Um século depois, os evangelistas substituíram um Jesus imaginário e inocente por Barrabás, para estabelecer a base do lucro financeiro da redenção de pecados através do batismo.

1911

• A. Drews, The Christ Myth (O Mito de Cristo – texto online). Este livro provocou reações violentas e críticas negativas em todo o mundo. (Entrada principal para Drews acima, ano 1909.)

• A. Drews, As Testemunhas da Historicidade de Jesus Cristo. Drews analisa antigas supostas testemunhas da existência de Jesus.

• William Benjamin Smith, Ecce Deus: Studies of Primitive Christianity (Ecce Deus: estudos sobre o cristianismo primitivo – texto online – Entrada principal para Smith acima, ano 1906.)

• (Trad) SHIRLEY JACKSON CASE, The Historicity of Jesus: a Criticism of the Contention that Jesus Never Lived, a Statement of the Evidence for His Existence, an Estimate of His Relation to Christianity (A historicidade de Jesus: uma crítica da contenção de que Jesus nunca viveu, uma declaração da evidência para sua existência, uma estimativa de sua relação com o cristianismo – texto online).

• G. A. van Eysinga, Radical views about the New Testament (Pontos de vista radicais sobre o Novo Testamento – texto online).

1913

• Albert Schweitzer, Geschichte der Leben Jesu – Forschung Geschichte der Leben Jesu – Forschung
Albert Schweitzer
(História da vida de Jesus – Investigação), sendo a segunda edição de sua Quest of the Historical Jesus. É característico que, durante quase um século, a primeira edição tenha aparecido em inúmeras impressões inglesas, enquanto a segunda edição mais completa (com os importantes capítulos 22 e 23 sobre o miticismo de Jesus) foi universalmente ignorada, até que finalmente ficou disponível para o leitor inglês da Fortress Press (2000, ed. por John Bowden). Em qualquer caso, Schweitzer dificilmente oferece uma avaliação imparcial da tese do miticismo, mas mete-se em digressões filosóficas extensas e mantém-se consistentemente do lado da tradição enquanto, ao mesmo tempo, admite que a tradição não tem nada de firme para se manter.

1914

• (Semi) FREDERICK C. CONYBEARE, The historical Christ, or, An investigation of the views of Mr. J.M. Robertson, Dr. A. Drews, and Prof. W.B. Smith (O Cristo histórico, ou, uma investigação dos pontos de vista do Sr. J.M. Robertson, do Dr. A. Drews e do Prof. W.B. Smith – texto online). Conybeare era um orientalista e professor de teologia em Oxford. Para ele, os textos mostram uma deificação gradual de uma fonte humana existente.

1916

• John Robertson, The Historical Jesus: A Survey of Positions (O Jesus Histórico: Uma Pesquisa de Posições – texto online).

1917

• John Robertson, The Jesus Problem: A Restatement of the Myth Theory (O Problema de Jesus: uma Reafirmação da Teoria do Mito – texto online).

1918

Gustaaf Adolf van den Bergh van Eysinga

• G.A. van Eysinga, Voorchristelijk Christendom; de voorbereiding van het evangelie in de Hellenistische wereld (Cristianismo pré-cristão; a preparação do evangelho no mundo helenístico)

• A. von Harnack reconstrói o Apostolicon de Marcião.

• Arthur Drews, Das Markusevangelium als Zeugnis gegen die Geschichtlichkeit Jesu (O Evangelho de Marcos como testemunha contra a historicidade de Jesus). Marcos é um relato poético da viagem mítica astral do deus do sol vestido com vestes de Tanakh... A ordem dos contos segue estritamente o ciclo astral-mítico. O evangelho de Marcos é de origem astral-gnóstica e data de meados do século II CE.

1923

• Arthur Drews, Der Sternhimmel in der Dichtung und Religion der alten Völker und des Christentums: Eine Einführung in die Astralmythologie (O céu estrelado na poesia e religião dos povos antigos e do cristianismo: uma introdução à mitologia astral – texto online em alemão).

1924

Paul-Louis Couchoud (1879-1959)

• (Mit) PAUL-LOUIS COUCHOUD. The Enigma of Jesus (O Enigma de Jesus) (introdução de James Frazer). Este é apenas o primeiro passo na exegese de Couchoud, já que suas obras mais importantes apareceram depois de 1926. Couchoud recebeu graus em medicina e em filosofia. Entre 1925 e 1939 ele foi o líder de facto da escola racionalista francesa em relação à história da religião. Couchoud foi influenciado por Arthur Drews e aceitou a autenticidade das letras paulinas, "pelo menos em suas edições mais curtas marcionitas". Couchoud argumentou que Marcião escreveu a 2ª Tessalonicenses e Efésios (conhecidos originalmente como Laodicenses), que ele também escreveu o primeiro evangelho depois a revolta do Bar Kochba (133 EC), e que Marcião viveu para ver outros evangelhos expandir o seu. [Página dedicada a este assunto].

• Arthur Drews, The Origin of Christianity in Gnosticism (A origem do cristianismo no gnosticismo). Para Drews, o gnosticismo é inegavelmente pré-cristão e tem raízes judaicas e gentias. A Sabedoria de Salomão já continha elementos gnósticos e protótipos para o Jesus dos Evangelhos: Deus não é mais o Senhor das ações justas, mas torna-se o Bom. Um claro gnosticismo pré-cristão pode ser destilado das epístolas de Paulo, que é imprudentemente incompreendido por aqueles que tentam ler nelas elementos de um Jesus histórico. A conversão de Paulo nos Atos dos Apóstolos é uma falsificação pura inspirada em várias passagens de Tanakh. As epístolas paulinas vieram das penas dos místicos cristãos que datam de meados do século II. Paulo é, portanto, o testemunho mais forte contra a hipótese do Jesus histórico. A origem gnóstica de João é mais evidente do que a dos sinópticos – a canonização do Quarto Evangelho prova que mesmo a Igreja não estava preocupada com os factos históricos. (Entrada principal de Drews acima, ano 1909].

1926

• (Cep) MAURICE GOGUEL, Jesus The Nazarene, Myth Or History? (Jesus o Nazareno, Mito ou História? – gratuito online). Filho de um pastor luterano, Goguel tornou-se professor de História do Cristianismo Primitivo em Paris. Para ele, a religião começou como um culto misterioso, com um herói de um encontro recente, um curandeiro judeu que chegou a acreditar que ele era o Messias e foi executado por Pilatos. As obras de Paulo são uma mistura de ideias confusas e permanecem inexplicadas.

• Arthur Drews, A Negação da Historicidade de Jesus no Passado e no Presente (Resumo em inglês de Klaus Schilling). Uma revisão histórica de cerca de 35 negadores principais da historicidade de Jesus, cobrindo o período 1780-1926. Esta é a resposta de Drews ao Inquérito de Schweitzer, de 1908.

• P.-L. Couchoud, Le Mystère de Jésus (O Mistério de Jesus).

1927
Turmel

Joseph Turmel (1859-1943)

• (Cep) JOSEPH TURMEL, La correspondance dite d'Ignace d'Antioche, démontage d'une imposture catholique du 2ème siècle (A correspondência dita de Inácio de Antióquia, desmontagem de uma impostura católica do século II – e-livro gratuito) Este pensador ignorado foi chamado "o maior historiador do dogma cristão". Turmel mostrou que as Cartas de Inácio devem ser datadas muito mais tarde do que é costume. A sua primeira redação é feita por Marcião e não pode ser anterior a 135 EC, enquanto as suas revisões datam de 190-211 CE. Segue-se que as obras citadas por Pseudo-Inácio poderiam ter sido editadas tarde e, finalmente, que a existência corporal de Jesus era desconhecida no segundo século da nossa era – pelo menos entre alguns cristãos. Turmel foi ordenado sacerdote em 1882 e logo nomeado professor de teologia dogmática no Seminário de Rennes. O seu intelecto aguçado e visão independente levou-o, no entanto, à existência secreta como não-crente enquanto ainda usava as vestes. Eventualmente, a Igreja descobriu-o e queimou os seus manuscritos. Turmel continuou a escrever em privado e alguns de seus trabalhos chamaram a atenção de A. Loisy, o qual foi fundamental para que as obras de Turmel fossem publicadas sob pelo menos catorze pseudónimos de 1909 a 1930, altura em que Turmel foi finalmente excomungado. Turmel também esclareceu o papel de Marcião em relação ao Quarto Evangelho, onde um Cristo espiritual se opõe a um físico. Fez ainda observações valiosas sobre a literatura paulina, na qual conseguiu distinguir três etapas: 1) epístolas curtas atribuíveis a Paulo; 2) revisões marcionitas; e 3) adições católicas. [Página dedicada ao assunto].

• (Trad) HENRY J. CADBURY, The Making of Luke-Acts (A Construção de Lucas/Atos). Um apanhado de todos os estudos lucanos.

1928

• Arthur Drews, Die Marienmythe (O Mito de Maria). Os personagens da família e entourage de Jesus são tão imaginários e fantásticos como o próprio Jesus. Drews acha espantoso que os teólogos acreditem em construções tão remendadas durante séculos.

• P.-L. Couchoud, The First Edition of the Paulina (A primeira edição da Paulina – trans. P.- Fab.). Conclui que a versão de Paulo por Marcião (o Apostolicon) foi a primeira, e que Harnack o tinha recontruído, de forma inconscientemente mas correta. A versão do Novo Testamento das epístolas paulinas é tardia.

1930

• (Mit) G. A. BERGH VAN EYSINGA, Does Jesus Still Live, or Did He Ever Live? – a study of the doctrine of historicity (Jesus ainda vive, ou viveu alguma vez? Um estudo da doutrina da historicidade). Van Eysinga endossa a visão de que as epístolas de Clemente e Inácio de Antióquia não são genuínas. Não há provas das epístolas paulinas antes de Marcião e todas foram produzidas pelo círculo marcionita. As epístolas de Paulo estão cheias de incongruências e ele não soa judeu (em oposição a Harnack). Nenhuma evidência se encontra nelas para a existência de Jesus, o Messias.

• (Semi) DANIEL MASSÉ, L'Énigme de Jésus Christ (O Enigma de Jesus Cristo – PDF gratuito). Massé acreditava que Jesus era de facto João de Gamala, filho de Judas de Gamala. O verdadeiro Nazaré era Gamala, onde Jesus bar Judah nasceu. Massé viu os evangelhos como esforços deliberados por parte da Igreja para falsificar a história. Para ele, a exegese é uma maneira pela qual os eclesiásticos fazem propaganda às massas.

• P.-L. Couchoud, L'Apocalypse: une clé pour les origines chrétiennes (O Apocalipse: uma chave para as origens cristãs).

1932

• (Mit) PROSPER ALFARIC, Le Problème de Jésus et les Origines Chrétiennes (O Problema de Jesus e as Origens Cristãs), escrito em conjunto com P.-L. Couchoud e A. Bayet. Alfaric cresceu católico e foi ordenado sacerdote em 1899, depois ensinou filosofia em seminários franceses. Perdeu gradualmente a fé por motivos intelectuais e procurou Alfred Loisy. Alfaric abandonou o sacerdócio em 1909 e retomou o estudo da História das Religiões. Recebeu seu doutorado (1919) e tornou-se catedrático de História das Religiões na Universidade de Estrasburgo. Este livro de 1932 levou à sua excomunhão. Apesar da erudição do trabalho de Alfaric, as suas teorias míticas só podem ser encontradas no Boletim do Cercle Ernest Renan (que Alfaric co-fundou em 1949) e nos Cahiers Rationalistes, o periódico da União Racionalista. [Página dedicada a este assunto].

1933

• (Cep) CHARLES GUIGNEBERT, Jésus. Estudou sob Ernest Renan, fazendo a sua tese sobre Tertuliano. Em 1919-37 regeu a Faculdade de História do Cristianismo na Sorbonne. "Os evangelhos são textos de propaganda", escreveu, "... para se conformar com a mitologia da era". No entanto, G. não negou a historicidade de Jesus e até mesmo escreveu contra os miticistas do seu tempo.

• A. Loisy, La Naissance de la Réligion Chrétienne (O Nascimento da Religião Cristã).

• A. Loisy, Les Origines du Nouveau Testament (As origens do Novo Testamento).

1935

• Arthur Drews, Deutsche Religion: Grundzüge eines Gottesglaubens im Geiste des deutschen Idealismus (Religião alemã: Princípios de uma crença em Deus no espírito do idealismo alemão). Este foi o último livro de Drews, publicado no ano em que morreu, aos 70 anos.

1937

• P.-L. Couchoud, Jésus le Dieu Fait Homme (A Criação de Cristo). Estudo histórico. Uma série extensa de comentários de Neil Godfrey está aqui. (Entrada principal para Couchoud, ano 1924).

1938

• (Mit) ÉDOUARD DUJARDIN, Ancient History Of The God Jesus (História Antiga do Deus Jesus) em quatro volumes. Dujardin foi considerado um partidário, juntamente com Couchoud e Alfaric, da não historicidade de Jesus.

1940

• O termo miticista para alguém que nega a existência de Jesus é usado pela primeira vez tanto por A.D. Howell Smith como por Archibald Robertson.

 1944

Alvin Boyd Kuhn

• (Mit) ALVIN BOYD KUHN (1880-1963), Who is this King of Glory? Quem é esse Rei da Glória? Estudioso norte-americano de religião comparada, autor, palestrante, editor e proponente do miticismo de Jesus (a Teoria do Mito de Cristo), Kuhn estudou grego antigo na universidade e obteve um doutorado em Estudos Religiosos da Universidade de Columbia (1927) com uma tese sobre Teosofia. Estabeleceu a sua própria editora (Academy Press) em Nova Jersey. Kuhn foi influenciado por Gerald Massey e Godfrey Higgens e, por sua vez, exerceu influência poderosa sobre o miticista canadense Tom Harpur (abaixo).

1946

• (Cep) ARCHIBALD ROBERTSON (não confundir com John Robertson, acima, ano 1900), Jesus, Myth or History? (Jesus: Mito ou História?). O pai de Robertson (mesmo nome) foi reitor do King's College em Londres, e bispo de Exeter. Robertson encontra um meio-termo entre o tradicionalismo e o miticismo.

1950

• G. A. van Eysinga, Das Christentum als Mysterienreligion (Cristianismo como uma religião do mistério). Argumenta que o movimento de Jesus começou como um culto de mistério.

1953

• (Trad) C. H. DODD, The Interpretation of the Fourth Gospel (Interpretação do Quarto Evangelho). "Maravilhoso rastreio de temas no Evangelho, além de apresentações abrangentes para os paradigmas de influência hermético, gnóstico, Philónico, Qumran e outros" (R. Price).

1957

• (Semi) JOHN MARCO ALLEGRO, The Dead Sea Scrolls and the Origins of Christianity (Os Manuscritos do Mar Morto e as Origens do Cristianismo). O Prof. Allegro, membro de uma das equipas originais dos Manuscritos do Mar Morto, teve a coragem de contrariar os seus colegas de equipa. Presciente de muitas formas, as propostas provocativas de Allegro podem não estar todas corretas, mas, no entanto, atestam um estudioso notável.

1958

The Library of the Late… G. A. Van Den Bergh Van Eysinga, a Collection of Modern Literature and Books on Various Subjects. [Auction at Utrecht, J. L. Beijers, on the 28th of January 1958.] (A Biblioteca do falecido G. A. Van Den Bergh Van Eysinga, uma coleção de literatura moderna e livros sobre assuntos variados. [Leilão em Utrecht, J. L. Beijers, em 28 de janeiro de 1958.]) Publicado por J.L. Beijiers, 53 pp.

• (Mit) GEORGES LAS VERGNAS, Jésus Christ a-t-il Existé? (Jesus Cristo existiu?). Las Vergnas argumenta que a figura central do cristianismo não tinha existência histórica, nem mesmo como profeta ou revolucionário.

1968

• (Mit) GEORGES ORY, Le Christ et Jésus (Cristo e Jesus). Revê a questão do miticismo e conclui que "Jesus Cristo é um deus compósito". Ory afirmou que Jesus era o "produto de repetidas fusões e contactos ou empréstimos de seitas religiosas locais, das quais nunca deixou de ganhar em riqueza e complexidade" (p . 251). As pp. 29-38 sobre os fundos separados dos nomes "Jesus" e "Cristo" estão disponíveis em tradução inglesa aqui. Ory estudou em Paris, onde recebeu diplomas em Estudos Liberais, Ciência Política e uma licença para praticar Direito. Ativo como maçon, Ory também era membro ativo do Partido Radical (um partido centrista, apesar do nome). Em 1949, juntamente com Prosper Alfaric, Ory co–fundou o Cercle Ernest Renan em Paris, que tem estado na vanguarda do miticismo de Jesus francês há mais de meio século, continua a publicar os Cahiers trimestralmente e a oferecer palestras mensais em Paris. Ory também foi o principal colaborador religioso do Dictionnaire Rationaliste (1964), um recurso indispensável para as tendências liberais francesas na religião. Ory identificou João Batista como o messias cristão original. Identificou ainda mais essa figura com o heresiarca samaritano Dositheus. Ory recusou-se a identificar os essénios com a sequência do Mar Morto. Ele supôs que Marcião tinha um discípulo, Lucano, que era o último responsável pelo terceiro evangelho e que sucedeu a Marcião pela morte deste último. Lucano liderou a comunidade marcionita em Roma e considerou Cristo como um ser celestial. "Jesus" era um compósito. [Página dedicada a este assunto].

1971

•  (Trad) J.M. ROBINSON e H. KOESTER, Trajectories Through Early Christianity (Trajetórias Através do Cristianismo Primitivo). "Um baralhar incrível das peças do quebra-cabeças do NT, perseguindo as correntes 'heréticas' de Nag Hammadi até retornar ao cânone do NT". (R. Price)

• (Trad) RUDOLF BULTMANN, The Gospel of John: A Commentary (O Evangelho de João: um Comentário). "Introspecção incrível e intuitiva sobre o existencialismo religioso de João. Separa a ganga do redactor eclesiástico do evangelho gnóstico original. O maior!" (R. Price)

1974

• (Cep) THOMAS L. THOMPSON, The Historicity of the Patriarchal Narratives. (A Historicidade das Narrativas Patriarcais). O autor conclui que essa historicidade não existe de todo.

1975

• (Semi) GEORGE A. WELLS, Did Jesus Exist? (Será que Jesus Existiu?). Muito influenciado por Arthur Drews, Wells é um escritor prolífico e, sem dúvida, o principal representante miticista da Europa hoje. Wells pode ser melhor caracterizado como um semi-mítico, pois não exclui a possibilidade de que um profeta esteja nas origens do cristianismo, mas com pouco em comum com Jesus de Nazaré. Wells é ex-presidente da Rationalist Press Association, com graus em Alemão, Filosofia e Ciências Naturais.

• (Trad) WALTER SCHMITHALS, The Apocalyptic Movement: Introduction and Interpretation (O Movimento Apocalíptico: Introdução e Interpretação). "Mostra o parentesco entre o apocalipticismo e o gnosticismo como dois momentos ao longo do mesmo contínuo conceptual. Demonstra um estágio judaico e pré-cristão do gnosticismo" (R. Price).

1977

• (Trad) KURT RUDOLPH, Gnosis: The Nature and History of Gnosticism (Gnose: A Natureza e a História do Gnosticismo). "Exposição e defesa capaz da visão tradicional (correta!) do gnosticismo como um misticismo batista cristão e judeo-sincrético pré-cristão. Antes de tentativas ridículas de estudiosos recentes para desmantelar o gnosticismo" (R. Price).

1979

J.J. Allegro, The Dead Sea Scrolls and the Christian Myth (Os Pergaminhos do Mar Morto e o Mito Cristão). Este é talvez o livro mais importante de Allegro que desenha não apenas paralelos, mas "identidade de origem real" entre a Seita do Mar Morto e o cristianismo . Allegro também identifica a Galileia Oriental com a área em torno de Qumran. (Entrada inicial para Allegro: 1957).

• (Cep) THEODORE WEEDEN, Mark: Traditions in Conflict (Marcos: Tradições em Conflito). "Importante escrutínio de Marcos como praticamente marcionita no seu tratamento dos doze" (R. Price).

1984

• (Cep) R. JOSEPH HOFFMANN, Tese doutoral, Marcion: On the Restitution of Christianity (Marcião: Sobre a Restituição do Cristianismo). Hoffmann adotou recentemente uma posição anti-miticista vocal e acerba na Internet. "Apesar da energia da escola do mito", escreve, "continua a ser uma avaliação pitoresca, curiosa, interessante, mas finalmente não impressionante, da evidência... um desperdício de tempo com agenda oculta ... umas areias movediças de negação e teorias da conspiração meio cozinhadas que levam o ceticismo e a suspeita a um novo mínimo".

1985

• (Trad) ROBERT FUNK forma The Jesus Seminar (O Seminário de Jesus), um consórcio de 150 estudiosos.

1988

• G. A. Wells, The Historical Evidence for Jesus, (A Evidência Histórica para Jesus).

• (Trad) PETER BROWN, The Body and Society, Men, Women, and Sexual Renunciation in Early Christianity (O Corpo e a Sociedade, Homens, Mulheres e a Renúncia Sexual no Cristianismo Primitivo). "Relato e explanação absorvente e interessante do ascetismo sexual cristão primitivo. Mais repercussões do que se poderia adivinhar" (R. Price).

1989

• (Cep) RANDEL HELMS, Gospel Fictions (Ficções dos Evangelhos). Argumenta que a principal fonte narrativa dos evangelhos é a Septuaginta.

1997

• (Cep) ROBERT EISENMAN, James the Brother of Jesus: The Key to Unlocking the Secrets of Early Christianity and the Dead Sea Scrolls (Tiago, o Irmão de Jesus: a Chave para Abrir os Segredos do Cristianismo Primitivo e os Pergaminhos do Mar Morto). Um livro de gigantesco e labiríntico que coloca os essénios, o cristianismo judaico e o cristianismo paulino em contextos controversos baseados na pesquisa primária de Eisenman nos Pergaminhos do Mar Morto. Armado com uma hermenêutica de suspeita, Eisenman mostra-nos como romper os códigos de desinformação teológica. Revisão do Dr. Price.

1998

• (Cep) BURTON MACK, A Myth of Innocence (Um Mito de Inocência). Marcos como largamente ficcional e anacrónico.

1999

Earl Doherty

• (Mit) EARL DOHERTY, The Jesus Puzzle (O Puzzle de Jesus). Detalha a tese de que Jesus era um ser imaterial executado no domínio espiritual. Este livro foi posteriormente ampliado (ver 2009). "Doherty argumenta que Paulo e outros escritores dos primeiros documentos gnósticos proto-cristãos não acreditavam em Jesus como uma pessoa que encarnou na Terra num cenário histórico. Em vez disso, eles acreditavam em Jesus como um ser celestial que sofreu a sua morte sacrificial nas esferas inferiores do céu nas mãos dos espíritos demoníacos, e posteriormente foi ressuscitado por Deus. Este mito de Cristo não se baseou numa tradição ligada a um Jesus histórico, mas na exegese do Antigo Testamento, no contexto do sincretismo religioso judeu-helenístico, fortemente influenciado pelo platonismo médio e pelo que os autores acreditavam ser visões místicas de um Jesus ressuscitado" (Wikipedia).

• George A. Wells. The Jesus Myth (O Mito de Jesus).

•  (Semi) ALVAR ELLEGARD, Jesus—One Hundred Years Before Christ: A Study In Creative Mythology (Jesus - Cem Anos Antes de Cristo: Um Estudo em Mitologia Criativa). Ellegard argumenta que Jesus deve ser identificado com o Mestre de Justiça essénio e, na verdade, viveu um século antes da Era Comum, durante o reinado de Alexandre Janeu.

• (Mit) T. FREKE e P. GANDY, The Jesus Mysteries: Was the “Original Jesus” a Pagan God? (Os mistérios de Jesus: o "Jesus original" era um Deus pagão?). Uma demonstração de que era muito provável que nenhum Jesus histórico existisse, mas que o personagem se baseasse numa adaptação judia sectária de deuses pagãos como Dionísio, Osiris e Attis. Jesus começou como uma alegorização do Josué do Antigo Testamento (ele mesmo, talvez uma versão mítica do rei Josias).

• (Cep) GERD LÜDEMANN, The Great Deception, and What Jesus Really Said and Did (O Grande Embuste, e o que Jesus Realmente Disse e Fez). Argumenta que apenas cerca de cinco por cento dos provérbios atribuídos a Jesus são genuínos e a evidência histórica não suporta as reivindicações do cristianismo tradicional. "A pessoa do próprio Jesus torna-se insuficiente como fundamento da fé, uma vez que a maioria das declarações do Novo Testamento resultam de interpretações posteriores da comunidade". Como resultado deste livro, o financiamento da pesquisa de Lüdemann foi cortado e o seu ensino deixou de fazer parte do currículo da Universidade de Göttingen.

2001

• ROBERT M. FOWLER, Let the Reader Understand: Reader-Response Criticism and the Gospel of Mark (Deixem o leitor compreender: Criticismo por resposta do leitor e o Evangelho de Marcos). "As escamas cairão dos seus olhos! Fowler desmonta a técnica retórica de Marcos de falar aos seus leitores por cima das cabeças dos personagens!" (R. Price).

2002

• Gerd Lüdemann, Paul: The Founder of Christianity (Paulo: o Fundador do Cristianismo). Rejeita a sequência cronológica das atividades de Paulo narradas nos Atos dos Apóstolos, que Lüdemann considera pura ficção e de natureza muito propagandística. Revista do Dr. Price.

2003

Robert M. Price

• (Mit) ROBERT M. PRICE, The Incredible Shrinking Son of Man: How Reliable is the Gospel Tradition? (O Incrível Filho do Homem a Encolher: Pode-se confiar na Tradição Evangélica?). Doutorado em Teologia e no Novo Testamento, o Dr. Price é sem dúvida o deão dos miticistas contemporâneos da América do Norte. Antes foi um ministro batista em Nova Jersey, mas agora descreve-se como um cétpico religioso e ocasionalmente como um ateu cristão. A vasta erudição de Price, a sua personalidade envolvente e a pena prolífica continuam a reforçar o argumento académico contra a historicidade de Jesus. "Price desafia o literalismo bíblico e defende uma abordagem mais céptica e humanista do cristianismo... suporta uma versão da hipótese do mito de Jesus, sugerindo que os primeiros cristãos adotaram para a figura de Jesus o modelo dos mitos de salvadores que morrem e ressuscitam  do Mediterrâneo, populares ao tempo, como o de Dionísio... Price sugere que o cristianismo simplesmente adotou temas das histórias de deuses que morrem e ressuscitam e complementaram-nos com temas (fugas da cruz, túmulos vazios, crianças a ser perseguidas por tiranos, etc.) das histórias populares de então para apresentar as narrativas sobre Cristo. Ele argumentou que os detalhes dos evangelhos foram avivados por uma reescrita Midrash (haggadah) da Septuaginta, Homero, as Bacantes de Eurípides e Josefo" (Wikipedia).

• (Mit) FRANK ZINDLER, The Jesus the Jews Never Met (O Jesus que os Judeus Nunca Conheceram). Uma lista exaustiva com discussão de registros hebraicos antigos, nenhum dos quais atesta um Jesus histórico nascido na mudança da era. Zindler foi diretor da revista American Atheists, e também presidente interino dessa organização. Trabalha como linguista e tem sido professor de Biologia, Psicobiologia e Geologia. Zindler editou e traduziu numerosos livros. Além disso, escreveu, falou e debateu extensivamente sobre a história bíblica, o criacionismo e a evolução, e a historicidade de Jesus. Agora, nos setentas, continua ativo como tradutor, escritor e editor.

2004

Tom Harpur

• (Mit) TOM HARPUR, The Pagan Christ: Recovering the Lost Light (O Cristo Pagão: Recuperando a Luz Perdida). Este estudioso do Novo Testamento canadense e ex-sacerdote anglicano reafirma as ideias de Kuhn, Higgins e Massey. Jesus é um mito e todas as ideias essenciais do cristianismo originaram-se no Egito. Avaliação do Dr. Price.

2006

• Robert Eiseman (entrada anterior: 1997), The New Testament Code: The Cup of the Lord, the Damascus Covenant, and the Blood of Christ The New Testament Code
Robert Eisenman
(O Código do Novo Testamento: A Taça do Senhor, a Aliança de Damasco e o Sangue de Cristo). Uma leitura difícil, maciça, mas finalmente gratificante. Eisenman sustenta que os Pergaminhos do Mar Morto provêm claramente de meados ou mais tarde no século I. Price escreve: "Teicher estava certo. Eisenman está certo. Os Pergaminhos são o legado dos cristãos de Jerusalém liderados pelos Herdeiros de Jesus: Tiago o Justo, Simeão bar Cleophas, e Judas Tomás. O Mestre de Justiça foi Tiago o Justo (embora Arthur E. Palumbo, Jr., The Dead Sea Scrolls and the Personages of Earliest Christianity [Os Manuscritos do Mar Morto e os Personagens do Primeiro Cristianismo], 2004, possa estar certo: de acordo com Barbara Thiering, João Batista pode ter sido o primeiro a ocupar aquele cargo, com Tiago como seu sucessor). O Cuspidor de Mentiras, que 'repudiou a Torá no meio da congregação', era Paulo. Foi aquele que 'fundou uma congregação em mentiras', especialmente os tragicamente enganados 'Simples de Efraim', conversos entre os gentios tementes a Deus que não conheciam melhor. O sacerdote malvado foi Ananus ben Ananus, que Josefo acusa do linchamento de Tiago no dia da expiação ... O trabalho monumental de Eisenman é um novo marco no progresso da pesquisa do Novo Testamento." Avaliação do Dr. Price.

2007

• Robert M. Price, Jesus Is Dead Jesus Is Dead
Robert M. Price
(Jesus Está Morto). Esta é uma coleção provocadora "de alguns dos meus melhores escritos e pensamentos sobre a ressurreição (e em alguns casos, questões intimamente relacionadas)".

2008

René Salm

• (Semi) RENÉ SALM, The Myth of Nazareth: The Invented Town of Jesus (O Mito de Nazaré: A Cidade Inventada de Jesus). Apresenta uma revisão exaustiva das evidências arqueológicas primárias da bacia de Nazaré e conclui que a cidade surgiu entre as duas revoltas judaicas. Salm é formado em Música e Alemão e atuou como compositor e teclista por vários anos. O interesse pela religião começou no início da idade adulta e levou ao estudo independente do budismo e depois do cristianismo, incluindo cursos de pós-graduação ocasionais. Salm considera-se um ateu, um budista e (num sentido ético e não doutrinal) um cristão. É membro da Sociedade de Literatura Bíblica e mantém vários sites. Está convencido que Jesus de Nazaré é uma invenção pura em relação a todos os detalhes biográficos, mas suspeita que um profeta tenha vivido várias gerações antes da mudança da era, aquele que inspirou a religião gnóstica conhecida como Mandeismo e (embora com uma perversão considerável) o cristianismo paulino.

2009

• Earl Doherty, Jesus Neither God nor Man: The Case for a Mythical Jesus Jesus Neither God nor Man
Earl Doherty
Jesus, nem Deus nem homem: Argumento a Favor de um Jesus Mítico). Esta é uma revisão ampliada do livro de 1999 do autor (veja acima). "... Mostra uma maior profundidade de evidência e argumentação em praticamente todas as áreas do meu caso original, conforme apresentado em 'The Jesus Puzzle', publicado há dez anos nesta semana (outubro de 1999). Há capítulos inteiros dedicados a tópicos específicos, como o 'nascido de mulher' de Gálatas 4:4, os usos e significados de frases envolvendo o termo carne (como em 'kata sarka'), a Epístola aos Hebreus e sua afirmação de que Jesus nunca tinha estado na terra, muitas facetas da antiga mitologia da salvação e as visões do mundo espiritual, tanto o helenístico quanto o judeu, o gnosticismo, a existência de Q, os evangelhos como midrash e alegoria" (do site de Doherty).

• George A. Wells. Cutting Jesus Down to Size: What Higher Criticism Has Achieved and Where It Leaves Christianity (Podando Jesus: o que a crítica superior alcançou e onde ela deixa o cristianismo).

2010

• R. Joseph Hoffmann, ed. Sources of the Jesus Tradition: Separating History from Myth (Fontes da tradição de Jesus: separando a história do mito).

David Fitzgerald

• DAVID FITZGERALD, Nailed: Ten Christian Myths That Show Jesus Never Existed at All Nailed
David Fitzgerald
(Pregado/Apanhado: Dez Mitos Cristãos que Mostram que Jesus Nunca Sequer Existiu). Escrito para o grande público, "lança luz sobre dez mitos cristãos queridos e, com evidências recolhidas de historiadores em todo o espectro teológico, mostra como apontam para um Jesus Cristo criado unicamente através da alquimia alegórica da esperança e da imaginação; um messias transformado de uma construção puramente literária e teológica na figura familiar de Jesus - em suma, um Cristo puramente mítico" (do site da Amazon). Há edição em português.

2011

• (Mit) DETERING, HERMANN, Falsche Zeugen: ausserchristliche Jesuszeugnisse auf dem Prüfstand (Falsos testemunhos: Testemunhas não cristãs de Jesus em julgamento). As supostas testemunhas da existência de Jesus não atestam nem um Jesus histórico de Nazaré nem a existência do cristianismo no primeiro século EC . Detering coloca os evangelhos canónicos no segundo século (o Pequeno Apocalipse em Marcos 13 refere-se à do Segunda, não a Primeira Guerra Judaica) e as epístolas paulinas foram originalmente marcionitas.

• Robert Price, The Christ Myth Theory and its Problems (O Mito de Cristo e os seus Problemas).

2012

Richard Carrier

• (Mit) RICHARD CARRIER Proving History: The Bayes Theorem and the Search for the Historic Jesus (Provando a História: o teorema de Bayes e a busca do Jesus histórico).

• (Trad) BART D. EHRMANDid Jesus Exist? The Historical Evidence for Jesus of Nazareth (Jesus existiu? A Evidência Histórica para Jesus de Nazaré). Este livro é a primeira refutação com tamanho de livro, da tese miticista, por um notável erudito americano. Está escrito com o leigo em mente, em vez do erudito. A reação miticista ao livro foi extensa, rápida e uniformemente negativa, a impressão geral é que este livro é um esforço inferior da parte de Ehrman.

2013

• (Mit) THOMAS BRODIE. Beyond the Quest for the Historical Jesus: Memoir of a Discovery (Além da busca pelo Jesus histórico: Memória de uma descoberta). Neste livro, Brodie, de 76 anos, deixa cair a bomba de que vem sendo um miticista de Jesus desde a década de 1970: Jesus é um personagem literário que não existiu como pessoa histórica. Brodie, um padre dominicano irlandês, contesta o livro de Ehrman 2012, Did Jesus Exist? The Historical Evidence for Jesus of Nazareth (Jesus existiu? A Evidência Histórica para Jesus de Nazaré). Brodie pode ganhar a palma por ser o primeiro erudito de dentro da academia a abraçar abertamente a tese miticista de Jesus. Após a aparição de seu livro, Brodie foi proibido pela Igreja de ensinar.

2014

• Richard Carrier On the Historicity of Jesus: Why We Might Have Reason for Doubt On the Historicity of Jesus
Richard Carrier
(A Historicidade de Jesus, Porque Podemos Ter Razões para Duvidar). "Carrier contrasta a reconstrução mais credível de um Jesus histórico com a teoria mais credível das origens cristãs se um Jesus histórico não existisse. Tal teoria postula que a figura de Jesus foi originalmente concebida como um ser celestial conhecido apenas por revelações particulares e mensagens ocultas nas escrituras; em seguida, narrativas colocando este ser na história da terra foram criadas para comunicar as reivindicações do evangelho alegoricamente; tais histórias acabaram por ser aceites ou promovidas na luta pelo controle das igrejas cristãs que sobreviveram às tribulações do primeiro século. Carrier achou a última teoria mais credível do que se imaginava anteriormente. Ele explica por que oferece uma explicação melhor para todas as evidências díspares sobreviventes dos dois primeiros séculos da era cristã" (do site da Amazon).

2015

" • René Salm, NazarethGate: Quack Archeology, Holy Hoaxes, and the Invented Town of Jesus NazarethGate
René Salm
(NazarethGate: Arqueologia Charlatanesca, Santos Embustes e a Cidade Inventada de Jesus). Um repúdio às reivindicações feitas pelos arqueólogos bíblicos desde a aparição do livro de Salm de 2008. Inclui um capítulo sobre The Forgery of the Caesarea Inscription (A Falsificação da Inscrição de Cesareia), bem como um capítulo final que propõe que o profeta subjacente ao cristianismo fosse Yeshu ha-Notsri, que viveu no início do primeiro século AEC.

2017

David Fitzgerald, Jesus: Mything in Action Jesus: Mything in Action
David Fitzgerald
(Jesus: Desaparecido em Combate
, 3 vol.). No seguimento de Nailed, o autor analisa a forma como o mito se desenvolveu. "O vol. 1 examina os mitos do miticismo de Jesus: o que é e não é; o que os estudiosos bíblicos dizem sobre isso (e por quê); e examina a nossa fonte 'biográfica' mais antiga para Jesus - a história alegórica que conhecemos como o Evangelho de Marcos. O vol. 2 discute o Jesus em mudança, desde antes dos primeiros cristãos, a Paulo, ao Livro dos Hebreus, aos Evangelhos e mais além: a construção (e a desconstrução) dos Evangelhos; como Jesus é apresentado no resto do Novo Testamento; e examina as fontes históricas para Jesus fora da Bíblia. O vol. 3 apresenta uma experiência de pensamento ousada: 'O Evangelho Segundo H.G. Wells', uma viagem no tempo através das origens e evolução do cristianismo" (do site da Amazon).

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