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A mostrar mensagens de maio, 2008

Alguns aitemes para discutir

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Não sou nacionalista, mas gosto das nossas coisas. Uma das coisas que temos e eu gosto é a língua. Na verdade fui programado para gostar dela, tal qual fui programado para gostar da minha mãe e do meu pai. Nunca tive escolha... Portanto nasci dentro do português, cresci lá dentro e penso em português. Nada de especial, milhões de pessoas fazem isso! Gostar de ser o que se é e de amar o que se foi programado para amar, a isso os psicólogos chamam estar integrado. Eu estou. Lucidamente, sei que o português é uma língua como muitas outras. Mas é a minha! Também não sou purista em relação à língua. A língua é um código vivo, sempre criado e recriado por todos os que a usam para falar, pensar e escrever. Novas ideias expressas por palavras vindas de outras línguas? Venham elas! Esperar que um linguista encartado aprove novas palavras e as autorize a circular? Ridículo! Liberta da prisão académica dos literatos oitocentistas, a língua evolui de novo com rapidez, propulsionada pela or

Resolver o nosso problema demográfico é fácil

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Num aparte sobre o assunto da mensagem anterior , lembrei-me da recente preocupação nacional com a taxa de natalidade. Íamos ser um país de velhos, a Segurança Social iria falir, etc. Urgia que o governo pusesse cobro a este estado de coisas, subsidiasse os nascimentos, apoiasse os casais com muitos filhos... Não se disse que os velhos que seremos (ou já somos) terão uma vida activa mais longa, e produtiva, por por terem maior esperança de vida e gozarem de melhores condições de saúde. Não se disse que as pessoas têm menos filhos não por falta de dinheiro, mas porque têm um pouquinho dele (ou crédito) e algumas condições de vida que querem melhorar, tanto para elas próprias como para os seus descendentes. Numa sociedade dominada pela informação (enfim, um bocadinho...) a interrupção de uma carreira laboral é perigosa, porque pode isolar o trabalhador das últimas novidades e comprometer a sua capacidade de competir. Por outro lado, a mesma sociedade da informação leva-nos a inve

O fim dos tempos

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No texto Donos e Deuses 2, referi-me de forma optimista ao fenómeno do fundamentalismo religioso, crendo que era uma tendência passageira que se iria esbater e que a secularização das sociedades iria continuar. Mas continuei a pensar sobre o assunto e entrei por vistas mais sombrias. Não parti de ideias religiosas que, na verdade, seriam a explicação mais simples para o aumento do fundamentalismo: todos os deuses decidiram de repente espevitar os seus fiéis, talvez depois de declararem uns aos outros uma guerra de marketing . Para um romance, era um bom cenário, com um grande problema: qualquer deus que ganhasse o conflito, os adeptos dos outros queimariam o livro (e/ou ou autor). Se todos ganhassem ou perdessem, não teria piada, e mesmo assim os fiéis quereriam queimar o livro. Não, agora a sério, o problema tem a ver com o petróleo e com a comida. Com a sua falta, mais exactamente. O petróleo vai continuar a subir, devido a que a sua procura aumentou. Cada vez mais pessoas pre

Genes e memes

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Tendo escrito e ilustrado o texto anterior, comecei-me a preocupar com a defesa das ideias que exprimi. Não sou cientista nem filósofo e para manter este blog e a minha página pessoal só disponho de umas quantas horas à noite, roubadas ao sono. Provar ou invalidar a ideia de que a socialização do homem é parecida com a domesticação do cão está fora das minhas capacidades. Seria precisa larga pesquisa em psicologia comparada. Portanto, o meu texto é uma opinião amadora, baseada numa longa experiência como dono de animais e numa infância com muito contacto com a religião. Possa quem ler o texto divertir-se tanto a lê-lo como eu a escrevê-lo. Mas não se trata de uma paródia. Acredito seriamente que o que exponho tem mais que um grão de verdade e explica alguns aspectos do comportamento da nossa espécie, nomeadamente o lugar que a religião ocupa em todas as sociedades humanas. Um cão não é capaz de sentimento religioso? O animal pensa e exprime um leque bastante variado de emoções.

Donos e deuses (2)

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Nesta mensagem continuo o assunto da anterior , desta vez tratando da semelhança entre o processo de domesticação dos animais e o processo de civilização da humanidade, incluindo o facto de que, a maior parte do tempo (e ainda agora, para alguns), a própria humanidade concebeu a civilização como uma domesticação levada a cabo por seres superiores. [ESTE TEXTO NÃO EXISTE NA MINHA PÁGINA PESSOAL ] [ESTE TEXTO CONCLUI A MENSAGEM ANTERIOR ] A noção de progresso é historicamente recente. Os humanistas do Renascimento começaram com a ideia de recuperar a sabedoria e a arte dos antigos, mas cedo tiveram de concluir que os tinham ultrapassado largamente. A partir da Revolução Industrial, com a grande ruptura tecnológica, tornou-se una ideia corrente, incluindo as suas contestações pós-modernas. Para os antigos, porém, a ideia de progresso não existe. A concepção mais generalizada é a da queda ou decadência, tal como é apresentada, por exemplo, na Bíblia. No início havia uma espécie de