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A mostrar mensagens de janeiro, 2010

A medalha

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Sábado passado, fui pela primeira vez ao Charneca da Caparica Futebol Clube, vulgo os Canários. Festejava 22 anos e o meu colega Luís Rodrigues tinha insistido para que eu fosse. Garotos a jogar futebol, algumas pessoas conhecidas, o presidente da Junta, gente da Câmara, discursos, e pimba: pespegam-me uma medalha! Ia caindo da cadeira… Da primeira vez que vou à colectividade, sou logo medalhado. E esta?

Avatar ou a suspensão da incredulidade

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Avatar , filme de ficção científica. Bem, ficção científica é o filme em si.  É uma revolução na forma de contar uma história. Doravante todo o filme pode ser criado em realidade virtual. Avanços no software de animação tornaram possível o santo graal dos animadores há muitos anos: movimentos naturais. Até agora era possível distinguir as cenas virtuais das cenas naturais. Os movimentos eram desajeitados e pouco elegantes. Já não. Quer dizer que no cinema, de agora em diante, o sonho já não se distingue da realidade.

Casamento de quem?

Estamos em 2010. Já devíamos ter gente a viver na Lua. O cancro e a SIDA já deviam ter cura. Não devíamos estar a assassinar o único planeta que temos. Em vez disso, neste nosso cantinho provinciano, discutimos com quem as pessoas devem casar. Agudas vozes se ouvem no rebanho, desaprovando o comportamento de outras reses que, se não põem o conjunto em perigo, complicam a paz de espírito. Para mim, isto de o casamento ser uma lei, para começar é uma perversão. O estado não devia ter nada a haver com quem eu durmo. Acho intolerável o estado estar a autorizar-me ou a proibir-me de dormir ou coabitar seja com quem for. Quando digo isto, olham-me com estranheza. O problema é que estamos habituados a essa ingerência.

O cardeal

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O cardeal cabeceava sobre a sua secretária. Pilhas de jornais, documentos, dossiers rodeavam-no. As letras no ecrã do portátil tornaram-se indistintas. Esfregou os olhos, deixando escorregar os óculos. Ah, tanto trabalho! E a idade não ajuda… Insensivelmente, a cabeça poisou sobre os cotovelos que, assentes na secretária, afastaram um pouco o computador. Vou só descansar um bocadinho, não me posso deitar ainda, pensou enquanto adormecia. Acordou assustado. Havia Alguém na sala! Pela toga romana, a farta barba branca, a careca enrugada e a postura imponente, percebeu que estava metido em problemas. O coração acelerou para valores perigosos para a sua idade. Prostrou-se no soalho, feito um muçulmano. (Porque é que não me aparece Cristo, o Espírito Santo ou mesmo a Virgem Maria? Sou algum judeu, para me aparecer Jeová?)