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A mostrar mensagens de fevereiro, 2022

Who is a fascist?

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The Portuguese version of this post is here . Fascist, beyond being a political characterization, has become an insult with a tendency to lose meaning. But I will try to stick to the essentials. For many years, the most common characterization, among Western intellectuals, has been a Marxist explanation of how class struggle leads to a part of the marginalized population being willing to be mobilized by big capital to destroy workers' organizations. Sometimes this explanation works, sometimes it doesn't. It has the advantage of placing communists and Marxists as the leading anti-fascists, but it misses the facts more often than it gets them right. As I stopped being a Marxist many years ago – and I sincerely believe that political ideologies mislead more than they enlighten – I prefer simpler definitions.

Quem é fascista, quem é?

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Uma versão em inglês deste artigo está aqui . Fascista, para além de caraterização política, tornou-se um insulto com tendência a perder o conteúdo. Mas vou tentar ater-me ao essencial. Durante muitos anos, a caraterização mais vulgar, entre os intelectuais ocidentais, tem sido uma explicação marxista sobre como a luta de classes leva a que uma parte da população marginalizada se disponha a ser mobilizada pelo grande capital para destruir as organizações dos trabalhadores. Às vezes funciona, outras não. Esta explicação tem a vantagem de situar os comunistas e marxistas como os principais antifascistas, mas são mais as vezes que não corresponde aos factos, do que aquelas em que acerta. Eu, como há muitos anos que deixei de ser marxista — e acredito, sinceramente, que as ideologias políticas iludem mais do que esclarecem — prefiro definições mais simples.

2. Paulo muda-se para o segundo século

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Estou a traduzir uma série de artigos de René Salm, no seu site Mythiscist Papers, sobre a historicidade de Paulo de Tarso. Este é o segundo . O primeiro, 1. "Paulo", o improvável fantasma está aqui. Poderosos ventos de proa... Temos de nos perguntar como é que, depois de literalmente séculos de investigação, o campo dos “estudos bíblicos” (abrangendo tanto as escrituras judaicas como o Novo Testamento) ainda apresenta uma massa opaca de conclusões mutuamente contraditórias – e, de facto, nenhuma conclusão universal! Sempre que surge um avanço promissor – ou apenas ameaça aparecer – um coro de negações previsivelmente ascende das instituições entrincheiradas entre nós (igreja, sinagoga, e academia) para regressar ao status quo ante . A conclusão correta a tirar não é que (1) as pessoas são estúpidas, (2) os investigadores são cegos, ou (3) a informação é escondida (embora um pouco de todas as três seja provavelmente verdade), mas que, no campo dos estudos religiosos, a mu

1. “Paulo”, o improvável fantasma

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O ataque dos estudiosos bíblicos às escrituras sagradas tem procedido em vagas sucessivas, desde há mais de duzentos anos. O primeiro a cair foi, naturalmente, o Jesus da fé. Os milagres e eventos fantásticos narrados nos Evangelhos deixaram de ser credíveis. Ficou então um Jesus filósofo ou pensador, influente em todo o pensamento ocidental. Mas esse também ficou sob escrutínio. Nada da sua doutrina, teologia e filosofia pode ser atribuído aos cristãos (Bart Ehrman). Os inventores do cristianismo passaram a ser considerados... os cristãos! Que sobra então de Jesus? Nada de especial. Pregador milagreiro e exorcista da Galileia, nem uma pequena nota mereceria, no grande drama histórico, se não fosse o fabuloso edifício ideológico construído sobre a sua ténue memória. Já na Idade Média, rabis escreveram (inventaram) no Talmud que Jesus não teria paternidade divina, mas devia a sua existência aos amores ilícitos de Maria com o legionário Pantera.

Roma vs. China: O que fez a diferença?

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Traduzi este curioso artigo de Richard Carrier de 30 de novembro de 2021, sobre a questão: porque houve uma revolução científica e industrial no Ocidente e não na China? Carrier tem escrito uma série de artigos no seu blogue , bem como alguns livros, sobre como a ciência estava muito desenvolvida no Império Romano e foi vítima da sua rápida decadência no século III, ou seja, bem antes da queda propriamente dita, e como a profunda decadência que se seguiu só foi recuperada na aproximação do Renascimento. Pergunta-se frequentemente, porque é que a Revolução Científica ocorreu apenas na Europa e não na China? Refiro-me aqui, como explico no meu livro The Scientist in the Early Roman Empire à normalização de métodos científicos eficazes em toda a sociedade (pelo menos alfabetizada). Como documento lá, o Império Romano no seu auge estava à beira de lá chegar (de certa forma, a China nunca chegou), ficando aquém apenas em dois passos que só foram completamente realizados no decurso do sé