As administradoras da vida
Estava eu a dormir no quarto de hóspedes duns amigos meus quando fui despertado pela rotina matinal de uma mãe a despachar as suas duas filhas para a escola. Lavar, vestir, tomar o pequeno-almoço, lavar os dentinhos, as mochilas, o carro, as horas. Suplicava, ameaçava, tentava vários tons de voz, repetia-se constantemente. As crianças, aparentemente, estavam noutra. Pareciam apostadas em torpedear, através da resistência passiva, o horário apertado da mãe. A voz dela denunciava um stress crescente.