Bichos interessantes descobertos em 2014

Todos os anos, pesquisadores e naturalistas amadores descobrem 15.000 espécies novas — em média — e aprendemos mais qualquer coisa sobre este planeta maravilhoso que é a nossa casa. Desde tubarões andantes a esquilos voadores gigantes, eis algumas das espécies mais curiosas descobertas em 2013.


1. Bassaricyon neblina: Olinguito, o guaxinim carnívoro dos Andes

O olinguito foi identificado erradamente há mais de 100 anos. É um guaxinim que vive nas florestas nebulosas do Equador e da Colômbia. Há mais de 35 anos que não se descobria um novo mamífero carnívoro nas Américas,  o que torna o olinguito importante. Havia mais de 20 exemplares do olinguito nos EUA, na maioria obtidos no século XX, mas tinham sido mal classificados. Um olinguito chegou a viver num zoo norte-americano nos anos 60, passando despercebido e recusando o sexo com os guaxinins vermelhos com quem vivia.

2. Tometes camunami: a piranha vegetariana da Amazónia

As piranhas podem comer um porco em 30 segundos, ou coisa parecida, mas não esta piranha. Este peixe, uma das mais de 440 espécies descobertas este ano na Amazónia, é estritamente vegetariano. Vive nos rápidos rochosos e come plantas do rio. Ameaças ambientais de barragens e minas sugerem que talvez não tenhamos a presença desta pacífica criatura muito mais tempo.

3. Siats meekerorum: o dinossauro predador de topo antes do T-Rex

Há muito que os cientistas se questionam, quem seria o chefe dos dinossauros antes do Tyrannosaurus Rex dominar a cena? Parece que era o Siats Meekerorum, um grande predador que dominou por vários milhões de anos, durante o Cretácico, entre entre os 100 e os 66 milhões de anos atrás. O espécime juvenil encontrado no Utá teria pesado quatro toneladas e medido nove metros de comprimento. Os adultos teriam provavelmente seis toneladas e 12 metros. O seu declínio viu a ascensão do T-Rex, o qual, durante o reino do Siats, só pôde evoluir o suficiente para "incomodar um pouco o Siats, como os chacais na caça dos leões", segundo Lindsay Zanno, a paleontologista que descreveu o achado.

4. Orthotomus chaktomuk: o pássaro alfaiate urbano de Phnom Penh

Não foi preciso ir em expedição à Amazónia para descobrir este passarinho. É raro os cientistas e pesquisadores descobrirem espécies novas em cidades, mas o alfaiate cambodjano foi encontrado a viver nos arredores de Phnom Penh. Visto pela primeira vez em 2009, durante pesquisas sobre a gripe das aves, este pássaro foi descrito este ano no jornal do Oriental Bird Club. Diz Richard Thomas, um membro do clube: "Fui à procura e encontrei eu próprio este notável alfaiate — no meio de um estaleiro de construção".

5. Zospeum tholossum: o caracol de casca transparente da Croácia

O caracol que vemos aqui é o primeiro e único da sua espécie descoberto vivo. Vivia num sistema de caves muito profundo da Croácia, o Lukina Jama-Trojama, quando investigadores da Universidade Goethe de Frankfurt o encontraram, numa câmara quase a mil metros de profundidade, no meio de lama, pedras, areia e um pequeno regato.

6. Saltarius eximius: a lagartixa de rabo de folha da Austrália

A lagartixa de rabo de folha de Cabo Melville usa camuflagem a sério. Junta-se a seis outras espécies do genus, todas a morar na Austrália, entre o sul da Nova Gales do Sul e a zona tropical húmida de Queensland. "Foram achados seis indivíduos, todos muito próximos uns dos outros, numa área de maciços graníticos sob copas de floresta húmida", disseram os descobridores da espécie.

7. Coendou baturitensis: o porco-espinho montês do Brasil

Este tipo espinhoso, encontrado na Serra de Baturité, no Brasil, é uma nova adição ao genus Coendou de porcos-espinhos de cauda preênsil da América Central e do Sul. São herbívoros solitários que usam a cauda para agarrar coisas (como os macacos-aranha e os gambás). Entre as características que distinguem esta espécie dos seus colegas de genus contam-se a aparência escura, o focinho largo e o nariz largo e macio.

8. Biswamoyopterus laonensis: o esquilo voador gigante do Laos

O esquilo voador do Laos foi descoberto num sítio estranho: à venda num mercado de carne do mato. É o único espécime conhecido da nova espécie e faz jus ao seu nome. Tem um metro de comprimento e pesa quase um quilo e oitocentos. O único espécime do seu parente próximo, o Biswamoyopterus biswasi, foi encontrado no noroeste da Índia em 1981.

9. Arapaima leptosoma: o peixe gigante respirador de ar do Amazonas

As arapaimas são peixes de água doce da América do Sul que podem atingir três metros e 200 quilos. Têm um pulmão primitivo que lhes permite respirar ar e têm sido uma fonte de alimento valiosa para os povos da Amazónia. A primeira espécie de arapaima foi descrita em 1847 e, desde então, os cientistas convenceram-se que era a única. Mas não. Donald Stewart, um biólogo especializado em peixes de Nova Iorque, provou que há pelo menos cinco espécies diferentes de arapaimas. A Arapaima leptossoma distingue-se pela sua constituição esguia e pela barra negra horizontal no lado da cabeça. Duas arapaimas num aquário da Ucrânia revelaram-se leptosomas.

10. Os lagartos sem patas da Califórnia

Os investigadores na Califórnia andam na pista de lagartos sem patas e encontraram quatro novos este ano. Parecem serpentes, mas não se deixem enganar. Estes lagartos deixaram as pernas há vários milhões de anos, para poderem escavar e perfurar tocas. A maioria vive debaixo do chão e nunca deixa uma área de uns poucos metros quadrados. Há mais de 200 espécies de lagartos sem pernas no mundo, mas nem por isso estes novos bichos deixam de ser interessantes, até porque foram achados em sítios improváveis: um lote vazio na baixa de Bakersfield, entre velhos poços de petróleo no vale de São Joaquim, na orla do deserto do Mojave ou perto de uma pista do aeroporto de Los Angeles.

11. Hemiscyllium halmahera: o tubarão andante da Indonésia

Este tubarão não quer saber de nadar. Move-se pelo leito do oceano usando as suas barbatanas peitorais e pélvicas como pés. Os pesquisadores apanharam dois espécimes ao largo das ilhas Maluku (Molucas) na Indonésia. Só têm 60cm de comprimento, não se assustem. Andam à procura de crustáceos.

12. Leopardus guttulus: o gatinho bravo brasileiro

Começámos com um bicho simpático e acabamos com outro. Vejam este leopardito. Não é maior que um gato doméstico e é um mimo. A foto mostra o Leopardus tigrinus (conhecido como Oncinha ou Tigrinho). Os cientistas há muito tempo que presumiam que as duas populações de gatos bravos no nordeste e no sul do Brasil eram membros da mesma espécie. Afinal não era verdade. Parecem idênticos, mas testes ao ADN confirmaram que as duas populações eram geneticamente distintas, sem qualquer evidência de cruzamento. O habitat parece ter desempenhado um papel na sua evolução. Os tigrinhos vivem em regiões de savana, enquanto o Leopardus guttulus vive nas florestas húmidas atlânticas. Diferentes espécies, mas membros do mesmo genus mimoso.

Fontes: Richard Dawkins Foundation for Reason and Science; Global Post;

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