São fascistas, sim

Custa a engolir que quase um quinto dos portugueses se tornaram fascistas. É chocante.

É chocante, sobretudo, se imaginarmos que os fascistas não são gente banal. Que são vilões de filme, destilando planos maléficos nas suas mentes doentias, enquanto desfilam em passo de ganso nas suas fardas ridículas, fazendo a saudação e usando suásticas.

Nazis

No princípio do século vinte, usar fardas era considerado elegante. Os cidadãos desse tempo provavelmente acharam ridículos os nazis, com o seu símbolo vagamente oriental. A suástica ainda não estava coberta de associações maléficas. Aos olhos de alguém nos anos trinta do século vinte o símbolo ainda não se tinha revelado a flor do mal que reconhecemos hoje. Até Hitler era um homem bastante elegante para a época. O bigodinho e a franja com brilhantina dele eram tão elegantes na época como hoje é a semibarba do Ventura.

Vimos há alguns anos os modernos nazis desfilarem em Charlotteville, nos EUA, com polos e calças creme e empunhando tochas de jardim compradas no Home Depot (semelhante ao Aki). Se não fossem as agressões em que se envolveram, era difícil fugir à sensação de ridículo. E no entanto...

Unite the Right

Os fascistas de hoje são gente perfeitamente normal. São amigos nossos, familiares. Não cometeram mais crimes que os outros cidadãos. Ainda não cometeram esses crimes, porque não estão no poder. Muitos deles votavam em partidos democráticos ainda nas eleições anteriores.

O que andará a passar-se nestas cabeças?

A teoria marxista standard sobre o fascismo é que camadas do proletariado e do lumpen-proletariado ficam desesperados com a crise do capitalismo e…

Treta.

Desespero? Não exatamente. Talvez desânimo.

Não é hoje o dia para eu analisar isso.

Queria só lembrar que essa gente é como nós. Podem mudar de ideias.

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