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A mostrar mensagens de 2020

A nova esquerda radical

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Por Fabien Escalona, doutor em ciência política (Universidade Grenoble-Alpes), colaborador científico da Cevipol (Université Libre de Bruxelles). Libération, 30 de agosto de 2017 Há uma semelhança de família entre Syriza, Podemos e a France Insoumise [e o Bloco de Esquerda, nota do tradutor]. Uma força que se cristaliza perante uma classe política em desacordo com o consentimento da população. A France Insoumise em França, o Podemos na Espanha, o Syriza na Grécia, várias formações vermelho-verdes noutras partes da Europa... O quadro ainda é impressionista, mas não já podemos dizer que é incoerente. Essas forças, surgidas em poucos anos, apresentam uma “semelhança de família”. Para entender isto, é necessário recorrer a uma análise “histórico-conflituosa” destes partidos, considerá-las como agentes mobilizadores e mediadores de grupos sociais cujos interesses e valores defendem, dentro dos nossos regimes representativos.

Os esquadrões da morte afegãos da CIA

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The Intercept documenta atuações terroristas dos EUA no Afeganistão: "O zumbido de um drone à noite foi o primeiro sinal de problemas. Em seguida, veio o rugido de um avião maior, a voar baixo, que alertou os residentes da aldeia afegã de Omar Khail de que havia soldados nas proximidades. Homens camuflados percorriam as ruas falando pachto e inglês. Era dezembro de 2018 e o ar estava gélido. Seguiram para a madrassa, ou escola religiosa, onde mais de duas dúzias de meninos com idades entre 9 e 18 anos dormiam no chão de vários dormitórios. Um vizinho que observava de uma janela do outro lado da rua viu um flash e ouviu uma forte explosão quando o portão da frente da madrassa foi arrombado. Lá dentro, o barulho acordou Bilal, de 12 anos, que estava encolhido numa sala com outros nove meninos, quando um soldado afegão irrompeu pela porta. 'Acorda!' o homem gritou em pachto, apontando para os meninos um a um com o cano da sua espingarda, no qual estava montada uma lan...

Promessas quebradas

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Não é só Trump. Os EUA sempre quebraram os seus tratados, pactos e promessas Fontes: Artigo de Annalisa Merelli, no site Quartz, de maio de 1980; Informação no site da ONG Advocates for Human Rights Uma das consequências perigosas da violação do acordo com o Irão é a perda de credibilidade dos EUA, dizem os críticos da decisão de Donald Trump, incluindo o ex-presidente Barack Obama. O Irão e todas as outras partes respeitaram os termos do acordo, apontam eles, o que faz os EUA não aparecerem como um parceiro internacional de confiança.

O massacre como ostentação

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A ndo a estudar o uso do terror como parte indispensável da guerra e conto, brevemente, escrever sobre isso. Entretanto, surgiu-me um caso curioso do uso do massacre como forma de ostentação.

Porque sobrevive Freud

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Foi desmascarado repetidas vezes – e mesmo assim não conseguimos desistir dele. Tradução do artigo Why Freud Survives , por Louis Menand, no New Yorker Magazine de 21 de agosto de 2017 Trata-se de uma análise ao livro "Freud: The Making of an Illusion" , de Frederick Crews. O livro é um ataque impiedoso ao caráter de Freud e à sua credibilidade científica. O autor do artigo aproveita para traçar um retrato da ascenção e queda da psicanálise, especialmente nos EUA. Achei bem traduzir, porque aqui entre nós o fantasma da psicanálise ainda se mantém. S igmund Freud quase que não conseguia sair de Viena em 1938. Partiu a 4 de junho, no Expresso do Oriente, três meses depois do exército alemão entrar na cidade. Embora a perseguição aos judeus vienenses tivesse começado logo – quando os alemães chegaram, Edward R. Murrow, reportando em Viena para a rádio CBS, foi testemunha ocular do saque de casas de judeus – Freud resistiu aos apelos de amigos para que fugisse. Mudou de i...

A nova/antiga teoria da educação inuit

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Achei este artigo tão interessante que decidi traduzi-lo. Sempre me interessaram os problemas da educação, em particular das primeiras idades. Mas aqui estamos na intersecção da educação e da antropologia. Se as ideias aqui expostas têm, sem dúvida, interesse prático e imediato para quem educa, iluminam uma outra questão intrigante: Será que as modernas teorias de educação — anti-autoritárias, solidárias, inclusivas, respeitadoras da individualidade e agência própria da criança e desenvolvidas no século XX por Piaget, Montessori, Freinet, Gardner, Steiner e outros — são ideias totalmente novas, saídas de mentes de todo originais, ou será que se trata do repor, pelo menos em parte, de práticas muito antigas, vindas de um tempo em que o autoritarismo, a patriarquia e a opressão classista ainda não tinham subvertido em grande parte as relações entre as pessoas? Decerto, a segunda hipótese é para onde aponta este artigo. Leiam e pensem, por favor. Tradução do artigo How In...

O império dos trapos oleosos do Zuck

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Tradução do artigo Cory Doctorow: Zuck’s Empire of Oily Rags de Cory Doctorow,em Locus , a 2 de julho de 2018. Por 20 anos, os defensores da privacidade têm soado o alarme sobre a vigilância comercial online, a forma como as empresas reúnem largos dossiers sobre nós, para ajudar os profissionais de marketing a dirigir-nos anúncios. O Facebook não tem um problema de controlo mental, tem um problema de corrupção. A Cambridge Analytica não convenceu pessoas decentes a tornarem-se racistas; convenceu os racistas a tornarem-se eleitores. Este argumento não resultou: de modo geral, as pessoas questionavam a eficácia da publicidade direcionada; os anúncios que recebíamos raramente eram muito persuasivos e, quando resultavam, era em geral porque os anunciantes tinham descoberto o que queríamos e se ofereciam para o vender: gente que antes procurara um sofá via anúncios de sofás e, se comprassem um sofá, os anúncios persistiam por algum tempo, porque os sistemas de segmentação de anúnci...

Dicas sobre a entrevista online

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Pode acontecer que tenhas que ser entrevistado online. Ou és alguém cuja opinião pode ser pedida na comunicação social, ou pode ser uma entrevista de emprego, ou pode ainda ser uma conferência dentro das tuas obrigações profissionais ou sociais. Vou alinhar aqui umas quantas dicas úteis, para que possas ter sucesso.

Cavernas de luxo

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Uma vida decente para todos não tem que custar-nos a Terra Um novo estudo revela que poderiam ser fornecidos padrões de vida decentes a toda a população global de 10 mil milhões que se espera atingir até 2050, gastando menos de 40% da energia global atual. Trata-se de cerca de 25% da previsão da Agência Internacional de Energia, se as tendências atuais continuarem. Este nível de consumo global de energia seria aproximadamente o mesmo que durante a década de 1960, quando a população era de apenas três mil milhões. Tradução do artigo de Decent living for all does not have to cost the Earth de Science Dayly O consumo global de energia em 2050 poderia ser reduzido aos níveis da década de 1960 e ainda fornecer um padrão de vida decente para uma população três vezes maior, de acordo com um novo estudo.

Igreja Católica portuguesa e Covid-19: Demissão?

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(Ponto prévio: Como sabem, sou ateu, mas este texto não é contra a Igreja Católica. Como ateu, sou defensor feroz da liberdade religiosa, até porque nela se inclui a minha liberdade de não ter religião, bem como a liberdade de pensamento e de culto dos católicos e de todos os outros. O que me preocupa é, como cidadão, a contribuição que a Igreja Católica poderia dar, com o seu peso político e influência moral, nesta nossa crise pandémica, para melhorar a nossa resposta coletiva.) [Fonte: Observador] Tenho tendência a, por vezes, notar o que não foi dito. De repente, comecei a pensar: Espera lá, não me lembro de grandes tomadas de posição da Igreja Católica sobre a Covid-19! Fui perguntar ao meu amigo Google.

Primeiro veio o furacão, depois o terror

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Sonia Shah – 22 de setembro de 2020 Tradução de um artigo publicado em Pulitzer Center A ilha de Abaco , vista de cima, parece um banco de areia submerso, quase nada terrestre. É uma das ilhas mais ao norte do arquipélago das Bahamas, no topo de uma ampla plataforma de calcário só poucas dezenas de metros abaixo do nível do mar. Do espaço, as suas areias puras e brancas e águas fluorescentes brilham como um colar de esmeraldas, visualmente notáveis contra os tons de castanho e verde do resto do planeta. Vistas da janela oval do meu voo, cortando um céu sem nuvens, as águas brilhavam em tons deslumbrantes de lápis-lazúli. No terreno, a cena mais parece um filme de Mad Max . Quando cheguei, este ano, vários meses se haviam passado desde o furacão Dorian, a tempestade monstruosa de categoria 5 que atingiu o norte das Bahamas em setembro de 2019. A estrada que saía do pequeno aeroporto da ilha estava limpa, mas ladeada de montes de entulho, pontuados por caules de aparência estranha, re...

China: desinformação sobre os uigures

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Quinta-feira, 17 de setembro de 2020, por Vanessa Frangville Tradução de um artigo publicado no Europe Solidaire sans Frontières e no Le Monde em 17/9/2020 Vanessa Frangville é professora de estudos chineses e diretora do centro de pesquisa EASt da Universidade Livre de Bruxelas Questionado sobre a questão uigur durante a sua visita relâmpago à Europa, no final de agosto, o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, iludiu a questão sob uma enxurrada de estatísticas enigmáticas. Pequim persiste na desinformação sobre o assunto, desde que a ONU divulgou um relatório contundente, em agosto de 2018, sobre a situação na região de Xinjiang, nas fronteiras da China e da Ásia Central. Há mais de dois anos já, portanto, que as evidências se acumulam, que os depoimentos circulam e que as análises se sucedem.

Em memória amorosa de nosso amigo, camarada e mentor, David Graeber

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Andrej Grubačić compartilha alguns pensamentos sobre seu o falecimento repentino Tradução de um artigo de Europe Solidaire Sans Frontières David Graeber foi o meu mentor e o meu amigo mais próximo nos últimos vinte anos. Participámos em dezenas de projetos políticos e escrevemos várias coisas juntos. Foi, de longe, a pessoa mais brilhante que já conheci. Todos nós temos uma ou duas boas ideias, mas o David sempre foi capaz de apresentar muitas, às vezes na mesma frase. Não tenho dúvidas de que foi o pensador anarquista mais significativo da minha geração.

É assim que uma sociedade morre

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Umair Haque é um consultor económico baseado em Londres. Fez parte da sua carreira como consultor de sucesso, mas, no seguimento de uma crise de saúde grave, viu a luz. Não viu qualquer divindade, mas percebeu que o capitalismo que tinha andado a promover era um sistema predador e insustentável. De então para cá, continuou a ser um consultor de sucesso, explicando como o capitalismo é um sistema predador e insustentável. O conceito chave do seu pensamento é a eudaemonia , que se pode traduzir por felicidade, bem-estar ou, no significado literal dos gregos, ser influenciado por um bom espírito, ou daemon . Uma organização social não serve para maximizar o lucro ou o crescimento do PIB, mas para incremento do bem-estar social, a eudaemonia . Possivelmente, essa ênfase corresponde aos modernos conceitos de índice de desenvolvimento humano que pretendem exprimir de forma mais coerente os fins da sociedade. O seu site é Eudaemonia & Co .

Cooperação & Agressão: é complicado...

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Há uma discussão entre estudiosos da evolução, sobre se os fatores que decidem a adaptação são puramente genéticos ou também culturais; se o gene é puramente egoísta ou se o altruísmo conta, e de que forma, na sobrevivência das espécies ou das sociedades humanas. O Evolution Institute é um think tank fundado pelo biológo evolucionário David Sloan Wilson para defender as perspetivas que valorizam o altruísmo em evolução. O artigo Cooperação através da seleção de grupos culturais vem do Evolution Institute

Mortes Covid-19 por país por milhão de habitantes (30/06/2020)

Fonte: Statista

18 argumentos carnívoros destruídos

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Por mais desagradável que possa ser para os que produzem e comem carne, as evidências ambientais e de saúde para uma dieta baseada em vegetais são claras Tradução do artigo Why you should go animal-free: 18 arguments for eating meat debunked , por Damian Carrington, editor de Ambiente, no Guardian, 13 jun 2020

Olfato, Covid-19 e mais coisas

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A anosmia (perda de olfato e de sabor) apareceu ligada à pandemia de Covid-19, mas trouxe curiosidade sobre o nosso olfato. Este artigo na Horizon, site de divulgação científica da União Europeia, intrigou-me, porque descreve comportamentos humanos ligados ao olfato, mas — a não ser que o meu olfato seja terrível (não é excecional, mas funciona) — muitas, senão a maioria, das nossas perceções olfativas são inconscientes. Seria o velho caso das feromonas... De muito interesse é também a menção de um instrumento online para avaliação do nosso próprio sabor, com a utilização de ingredientes comuns existentes em qualquer casa. Brevemente vou experimentar. Porque é que o coronavírus ataca o sentido do olfato? No início, eram apenas relatos anedóticos. Especialistas em ORL (Otorrinolaringologia) de todo o mundo estavam a compartilhar as suas experiências em quadros de mensagens online — todos estavam a ver um pico em pacientes com anosmia, perda de olfato. O vín...

The Room Where It Happened

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John Bolton, antigo conselheiro de Segurança Nacional de Trump, depois de romper com ele, acaba de escrever um livro cheio de revelações sobre a Borbulha Laranja. John Bolton, um conservador superagressivo em política externa, não é exatamente flor que se cheire. Diz-se dele que nunca encontrou uma proposta de guerra de que não gostasse. Enquanto ocupou o cargo na Casa Branca, pressionou incansavelmente a favor da agressão ao Irão. O ponto de rotura com Trump surgiu quando este reteve verbas de ajuda militar à Ucrânia, a braços com a agressão russa no Donbass, procurando pressionar o país a abrir uma investigação ao filho de Joe Biden. John Bolton insurgiu-se, chamando ao caso "um negócio de tráfico de drogas" e a Ruddy Guiliani, o advogado de Trump que tratava do assunto, "uma granada de mão prestes a explodir" . Foi daqui que partiu o processo de destituição de Trump. Bolton recusou-se a ser ouvido como testemunha pelo Congresso.

A invenção de Cristóvão Colombo, herói americano

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As fortunas do Colombo mito nos EUA são descritas neste curioso artigo de The Nation . A ascenção do navegador a grande descobridor das Américas, aqui descrita, faz-me desconfiar da proeminência que tem em Portugal. Será efeito da influência cultural dos EUA ou de Espanha? Curiosa questão a investigar... Como os fundadores dos EUA transformaram Cristóvão Colombo, um medíocre marinheiro italiano e assassino em massa, num ícone histórico. Por Edward Burmila Em 1892, The Youth's Companion —uma revista nacional para crianças editada por Francis Bellamy (o ministro socialista mais conhecido por escrever o Pledge of Allegiance ) — ofereceu aos leitores um programa para comemorar o 400º aniversário da chegada de Cristóvão Colombo ao Novo Mundo. Todas as escolas do país, entoou a revista solenemente, deveriam segui-lo à risca.

Leão Tolstói, o santo ímpio

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2000 anos de descrença: Leão Tolstoi 18 de maio de 2020 Por James A. Haught Este é o décimo quarto segmento de uma série de renomados céticos ao longo da história. Esses perfis foram extraídos de “2000 Years of Disbelief: Famous People With the Courage to Doubt” (2000 Anos de Descrença: Pessoas Famosas com a Coragem de Duvidar) , Prometheus Books, 1996, publicado em inglês em Daylight Atheism (Patheos) Muitas pessoas que rejeitam o cristianismo sobrenatural abraçam, no entanto, a mensagem de compaixão de Cristo. Leão Tolstoi (1828-1910) levou esse padrão ao extremo. Renunciou à religião organizada e foi excomungado pela Igreja Ortodoxa Russa ‒ mas tornou-se quase um monge, vivendo ao serviço dos outros.

Riscos: conheça-os e evite-os

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Traduzi este artigo (quase) todo porque o achei muito útil. Ajuda-nos a pensar na forma de navegar os próximos tempos com a segurança possível, evitando os perigos mais evidentes. O autor, Erin Bromage, é um cientista respeitado que começou a dar conselhos nas redes sociais, até ser solicitado pelos leitores a publicar num blogue, para todos terem acesso. Desde então este artigo tem tido imensa difusão. Explica de forma muito clara quais são os lugares e comportamentos mais perigosos e porquê. É centrado na análise sobre fluxos aéreos e contágio pela respiração, defendendo o uso de máscaras, mas não invalida as outras precauções como a lavagem das mãos, não mexer na cara e desinfetar superfícies e objetos. De notar a cuidadosa citação de referências, entre artigos científicos e jornais de grande circulação.  

Afinal a Rússia era a favor da Hillary

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...de acordo com notícias de última hora que Trump encontrou no rabo Um site sério/cómico que visito muita vez sobre política dos EUA é a Wonkette (mais ou menos Sabichona ). Adoro a linguagem de carroceiro. Note-se que a linguagem em uso em muitas partes dos EUA, mesmo a escrita e falada na comunicação social é, no que toca a palavrões, ao nível do nosso Porto ou Beira Ialta. A orientação do site é claramente de esquerda e intransigentemente feminista. PAREM AS ROTATIVAS! Há nova informação que está a aparecer agora, mesmo do tipo "OBAMAGATE!" 1 , está a vir ao de cima agora e toda a gente sabe o que é, porque é tão má !

Recuperação, mas verde

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Em tempos de pandemia, põe-se o problema da intervenção do estado na economia, para tentar mitigar a crise económica, o desemprego e a miséria que vieram no seu rasto. Mas há sempre a velha discussão com os neoliberais, que acham que todo o dispêndio de fundos do estado tem que ser compensado por uma austeridade brutal. Acabo de publicar um texto sobre uma nova teoria económica que afirma que isto não se passa assim, a Nova Teoria Monetária. O artigo que se seque foi publicado no Huffington Post em 2018, na discussão à volta do Green New Deal, um projeto de alguns membros do Partido Democrata dos EUA para o gasto massivo de recursos do estado com o fim de fazer frente ao Aquecimento Global e assegurar a transição da economia dos EUA para energias e procedimentos sustentáveis, à semelhança do New Deal de Roosevelt, que proporcionou a saída da crise de 1930. A discussão de então é válida para o que se passa hoje. Hoje, praticamente ninguém objeta a uma intervenção massiva do estado na ...

Teoria Monetária Moderna: o que é?

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Anda por aí uma nova teoria económica, a Teoria Monetária Moderna (TMM). Nova, não exatamente. Os seus precursores vêm do início do século XX. Mas tem merecido a atenção de cada vez mais economistas, em especial dos que procuram um pensamento económico anti-neoliberal. Não sou o mais sabido neste tipo de coisas, e talvez por isso só soube dela recentemente, através de uma ligação de um artigo no blogue Ladrões de Bicicletas . A ideia essencial, muito bem-vinda nesta conjuntura, é que o estado, desde que seja soberano na emissão de moeda, não se tem que sujeitar à disciplina férrea da austeridade neoliberal e pode investir (quase) livremente na criação de emprego e em infraestruturas de betão e sociais. Mas será possível?

Os chineses comem realmente morcegos?

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Guia para principiantes sobre a sobrevivência à praga, parte 5 — Osten Cramer O verdadeiro comércio de animais silvestres não é o que se pensa e podemos fazer parte dele sem perceber. Tradução da opinião do antropólogo Osten Cramer, que tem estudado o comércio de animais selvagens na China e arredores, no seu mural do Facebook. Olá, gente. Ainda estou a recuperar, mas acontece que tenho que ir com calma. Esperava fazer um post por dia, mas ainda parece um pouco fora do meu alcance. Mas a dinâmica social dessa pandemia ainda é fascinante, ainda estou em quarentena e ainda estou a pensar em como os antropólogos podem contribuir para entender a pandemia e, já que a minha pesquisa é sobre o comércio da vida selvagem, muitos me têm me pedindo para criar este post . Aqui vamos nós! É hora de falar sobre o comércio real de vida selvagem na Ásia e alhures. Não se trata exatamente da doença, mas de muitos dos preconceitos que as pessoas têm sobre a origem do vírus.

Porque se tornou a religião conservadora um vetor de doença?

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Valerie Tarico 13 de abril de 2020 — Valerie Tarico (tradução) Os crentes religiosos estão a espalhar o coronavírus através dos mesmos mecanismos que espalham a própria religião. Que se passa com a religião e o COVID-19? Nos EUA, líderes cristãos conservadores lutaram para ser isentados dos limites de saúde pública nas reuniões sociais. Estado após estado, os governadores confrontados com acusações de violação da liberdade constitucional de expressão, cederam, redefinindo a religião como "atividade essencial".

América Latina: a pandemia soma-se a outras crises

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Quarta-feira, 8 de abril de 2020 — Tradução de uma entrevista de Vittorio de Filippis a Pierre Salama no site Europe Solidaire sans Frontières . Para o economista e pesquisador do Centre National de Recherches Scientifiques (CNRS) Pierre Salama, a epidemia do novo coronavírus vai enfraquecer economias já vulneráveis ​​devido às novas formas adotadas pela globalização, a saber, o rompimento internacional da cadeia de valor da produção. Acredita que a pandemia, além dos seus efeitos na saúde e na vulnerabilidade dos mais fracos, multiplicará as muitas crises que já afetavam a maioria dos países do continente.

A crise do coronavírus pode terminar de uma destas quatro maneiras

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Tradução de um artigo em The Guardian, 8 de abril de 2020 Cooperação global, quarentenas intermitentes e rastreio de contactos podem desempenhar um papel na corrida para parar a pandemia Por Devi Sridhar — catedrático de Saúde Pública Global da Universidade de Edimburgo Num universo alternativo, um novo vírus emerge na China. O país identifica rapidamente o agente patogénico, fecha suas fronteiras, lança uma campanha sem precedentes para erradicar o vírus e consegue garantir que pouquíssimos casos deixem o país. Os outros países que relatam casos — como a Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura — identificam rapidamente aqueles que estão infetados, rastreiam as pessoas com quem entraram em contato, isolam os portadores do vírus e contêm a sua propagação. Através desta estratégia tripla — teste, rastreio, isolamento — a erradicação é bem-sucedida. A humanidade é salva.

Que surpresa, Bernie Sanders afinal tinha razão!

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Andrew Mitrovica Escritor, colaborador da Al Jazeera em Toronto. Traduzo e publico o artigo de opinião para informação; não me comprometo com o pensamento político do autor. (Nota de Carlos Cabanita) Artigo publicado na Al Jazeera English Um aparato político e económico preparado para enriquecer uns poucos, às custas dos muitos, estivera sempre destinado ao colapso. Oh que ironia! Confrontado com uma pandemia que mata a economia, é notável que um monte de políticos alarmados do Ocidente tenha encontrado muito dinheiro para tentar ressuscitar as suas folhas de balanço sustentadas no mercado, subitamente internadas nos cuidados intensivos.

Um exército secreto

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Hoje, para variar, vou divulgar um assunto diferente da presente epidemia. A newsletter Tom Dispatch , de Tom Engelhardt, é uma fonte preciosa dentro da imprensa dissidente nos EUA. Tem os melhores artigos sobre os vapores venenosos nas tripas do Império. Traduzo aqui um artigo de Nick Turse sobre a proliferação de tropas especiais. Introdução de Tom Engelhardt: Nick Turse começou a cobrir o que se pode considerar a história secreta da guerra norte-americana neste século ‒ a ascensão e a disseminação das forças de operações especiais ‒ para o TomDispatch em 2011. Esse foi o ano em que revelou pela primeira vez que as colocações de operações especiais haviam duplicado de 60 países anualmente (já um número bastante impressionante) no final do governo Bush ‒ os anos das invasões e ocupações do Afeganistão e Iraque ‒ para cerca de 120 países ou 60% das nações deste nosso mundo.

O boomerangue bateu-nos na cara

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Tradução do artigo Pandémies : Le coronavirus, «un boomerang qui nous revient dans la figure» de Jade Lingaard e Amélie Poinssot em Europe Solidaire sans Frontières , domingo, 22 de março de 2020. A pandemia do Covid-19 está ligada à desflorestação e destruição do ecossistema? As ligações existem, embora às vezes sejam indiretas, de acordo com os pesquisadores. A extensão das monoculturas está a ajudar a moldar um mundo propício à disseminação deste tipo de vírus. Que vínculos podem existir entre um vírus infinitamente pequeno e o imenso caos do mundo? A epidemia atual (mais de 11.200 pessoas mortas e 270.000 casos registados em todo o mundo, domingo, 22 de março de manhã) é causada por um vírus identificado em 2019, daí o nome "Covid-19" para designar o a patologia que o vírus causa ("d" para doença). O próprio agente patogénico é constituído por um longo RNA, o seu código genético, cercado por proteínas. Quando visto sob um microscópio eletrónico, tem forma de c...

EUA: chumbo por incompetência

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No site Foreign Policy , dedicado a política externa do ponto de vista dos EUA, apareceu este artigo, The Death of American Competence , a declarar que um dos fatores decisivos de decadência desse país é o seu falhanço espetacular ao nível da competência. Não contesto a afirmação do autor, mas discuto as consequências disso para o resto do mundo. Estará a China pronta para agarrar o testemunho? O artigo é interessante. Não tenho quaisquer dúvidas de que os EUA se afundaram definitivamente na ambição da supremacia mundial. Foi durante as crises, ao saber responder a elas, que subiram ao topo, é na crise e na forma como respondem que se afundam. Nada a fazer, o mundo é um juiz implacável. Desse ponto de vista, a China sem dúvida ocupou agora o seu lugar de potência mundial, precisamente ao saber responder, de forma minimamente competente, ao problema. Mas a China tem uma quantidade de problemas terríveis a resolver até poder assumir plenamente esse papel. O seu sistema político é um ana...

Nada de quarentenas com a família

Rachel Maddow, famosa repórter da cadeia norte-americana MSNBC, entrevista o jornalista de ciência e saúde Donald McNeal, do New York Times , a propósito do testemunho dos cuidados com o Covid-19 na China. A entrevista mostra uma medicina anti-epidemiológica bem mais avançada, creio eu, que a praticada na Europa e nos EUA. Provavelmente pagaremos bem caro a diferença. O homem é um bocado difícil de entender. Por isso, resolvi transcrever e traduzir toda a entrevista, a título de serviço público. Veja a transcrição a seguir ao vídeo.

Lave as mãos!

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Se está ansioso com o surto do novo coronavírus (COVID-19) ou simplesmente se preocupa com a disseminação usual da gripe sazonal, há uma maneira simples e fácil de reduzir o risco de contrair doenças transmissíveis: lavar as mãos. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, EUA) consideram a lavagem das mãos “um dos passos mais importantes que podemos tomar para evitar adoecer e espalhar germes” e afirmam que a higiene básica pode reduzir a transmissão tanto das infecções respiratórias superiores — constipação ou gripe — como de doenças diarreicas — por exemplo o norovírus.

Lágrimas brancas

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Artigo do Atlanta Black Star . ( Lágrimas brancas é um conceito trocista entre os ativistas anti-racistas. Refere-se à extrema sensibilidade de muitos brancos, perante qualquer crítica ao seu racismo ou ao seu privilégio.) Um académico britânico negro pôs os cabelos em pé a alguns quando considerou a brancura "uma psicose" e responsabilizou a Grã-Bretanha por ter que levar a sério a sua história opressiva.

Do lado dos que lutam pela liberdade

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No Reino Unido, por estranho que pareça, funcionam tribunais islâmicos da Xaria. O seu objetivo não é decidir questões criminais ou do direito geral do país, mas aplicar o costume e a tradição nas vastas comunidades islâmicas inglesas. Coisas como heranças e afins. Mas a Xaria foi concebida como a lei para todos e os seus tribunais têm tendência a invadir e atacar direitos de mulheres, de LGBT+, de outras persuasões religiosas, e o próprio estado secular.

Joacine e o racismo

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Aconteceu recentemente no nosso país que foi eleita uma deputada sob a bandeira do anti-racismo. Ainda por cima, mulher e gaga. Ainda por cima, ergue com audácia bandeiras que fizeram estremecer os baluartes tanto do racismo como do machismo, como ainda do capacitismo 1 . Desde o princípio, a sua posição não foi passar entre os pingos da chuva ou não fazer ondas. Não sei se por temperamento pessoal ou estratégia política, a posição de Joacine foi mostrar-se em desafio, para que toda a canzoada ladrasse ferozmente. E a canzoada, previsivelmente, não falhou. Não serei eu o juiz do seu estilo de comunicação nem vou armar-me em estratego político e dizer que deveria ter feito assim ou assado, em vez do que fez. Nem sequer votei nela, por isso o seu cargo não me leva a escrutinar se está ou não a cumprir o mandato que lhe dei. Nem levo, com franqueza, o nosso Parlamento assim tão a sério. É uma personalidade colorida, possivelmente sem o calo político que lhe permitiria não dizer imediata...

Auschwitz: o reset

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Num blogue chamado Skeptics Vocabulary , onde cheguei à procura do termo dissonância cognitiva , que, embora use frequentemente, é raro lembrar-me como se chama, encontrei um artigo sobre um assunto totalmente diferente, mas fascinante. O autor, indiano (a página assume-se como parte do movimento céptico da Índia), depois de uma visita a Auschwitz, tece algumas considerações interessantes sobre a forma como tal excesso da barbárie forçou uma reavaliação das ideias da consciência mundial com respeito aos direitos humanos. Diz ele que, mais do que o Renascimento, um tal reset se deveu ao horror dos campos de extremínio nazis. É capaz de ter razão. Como indiano, não pode também fugir a comparar a atrocidade nazi às atrocidades coloniais. O autor descreve, em primeiro lugar, a visita:

Angola, 1975 a 1980: O Jogo de Póker das Grandes Potências

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William Blum A informação a que temos acesso é formatada pela assimetria das fontes, bem como pelos nossos próprios preconceitos. Por isso é importante, para conhecer uma realidade, ter acesso a outras fontes, outras narrativas. Nenhuma informação pode ser engolida sem crítica. A ideia que os portugueses têm da Guerra Colonial em Angola e da Guerra Civil que se seguiu é fortemente influenciada por grandes mitos: do ponto de vista dos saudosos do colonialismo, a traição dos dirigentes portugueses; do ponto de vista da esquerda, a santificação dos movimentos de libertação — ou a santificação de uns e a demonização de outros. Mais subtil ainda é a deformação nacionalista, em que preferimos insconscientemente as narrativas em que a nação (ou a parte da nação que mais amamos) fica melhor na fotografia.